terça-feira, 27 de abril de 2010

Tema: Quatro importantes admoestações de Jesus


Texto: Lucas 12: 1-12

Introdução
Essa narrativa está situada em um momento pelo qual Jesus foi convidado por um fariseu para uma refeição em sua casa. No momento em que Jesus toma o lugar na mesa, o fariseu observa que Jesus não se lavara primeiro, antes de comer. Jesus conhecendo seus pensamentos, tira a mascará daquele fariseu revelando-o que a sujeira maior estava no seu interior (11: 37-44). Também naquela ocasião estavam os escribas, que ficaram ofendidos com as palavras de Jesus (11: 45). Jesus então, passa agora a desmascarar os escribas e seus ensinos distorcidos. Depois de tudo isso Lucas nos diz que, estes escribas e fariseus tentavam procurar confundir Jesus com muitos assuntos. Eles freneticamente tentavam achar motivos para acusar Jesus (11: 53-54). O evangelista Lucas também nos informa que havia naquele momento miríades de pessoas, cerca de dez mil pessoas. Era uma multidão que nunca se vira antes com Jesus a fim de ouvi-lo. Era tanta gente que eles, se aglomeravam para vê-lo, ao ponto de uns se atropelarem (v. 1).
Certamente eles estavam esperando ver o que Jesus responderiam aos fariseus. Mas em primeiro lugar, Jesus não dirigiu suas palavras para os fariseus, nem para aquela grande multidão, mas para os seus discípulos. Foi principalmente para seus amigos que Jesus dirigiu suas palavras.
A preocupação de Jesus naquele momento era de admoestar os seus discípulos, e não de responder as perguntas maliciosas dos fariseus, e aqui ele faz quatro admoestações:
Tese: È sobre estas quatro importantes admoestações que falarei, pois tenho certeza que assim como foi de grande valia para os discípulos também será para nós.

I. A primeira admoestação que Jesus trata aqui é sobre a hipocrisia - v. 1-3 “Acautelai-vos do fermento dos fariseus que é a hipocrisia”.
(a). A hipocrisia aqui é caracterizada como fermento
1. O Fermento é sinônimo de influência perniciosa, maléfica, nociva, prejudicial. "um pouco de fermento leveda toda a massa" -
2. Esse fermento é a Hipocrisia dos fariseus – Um hipócrita é alguém que usa uma máscara e cuja aparência externa é totalmente diferente do que ele é interiormente.
a. Quando a hipocrisia recebe espaço no coração, ela começa a agir e a alargar sua influência, até que, finalmente, os efeitos se atestarão na aparência.
b. Um hipócrita pode ser capaz de, por algum tempo, usar uma máscara de santidade e se disfarçar aos olhos das pessoas; mas isto corromperá tanto seu coração e mente, que poderá vir a ser revelado no momento mais inesperado.
c. Um Hipócrita faz com que sua luz brilhe de tal forma diante dos outros que eles não possam saber o que está acontecendo por trás dela!
d. “Um homem pode ter uma língua de anjo e um coração de demônio” - John Flavel
i. “A marca do hipócrita é ser cristão em toda parte, menos em casa” - Robert Murray M'Cheyne
ii. “Dizer que amamos a Deus enquanto vivemos uma vida sem santidade é a maior das falsidades” - Agostinho
3. Os fariseus se apresentavam com padrão da virtude, mas de fato eram mestres do disfarce.
a. Se de fato somos discipulos de Cristo, precisamos dar a devida atenção a esta admoestação de Jesus, para não sermos achados como hipocritas, defendendo algo que não vivemos, ou até mesmo escondendo algo que não devemos esconder.
i. Nada há encoberto que não venha a ser revelado. Amados, uma coisa é certa, mesmo que uma coisa seja muito bem encoberta, ela algum dia virá à luz. E, mesmo que seja oculta, tornar-se-á conhecida – v. 2-3
ii. Certamente este Dia será o grande é do Juízo de Deus, onde tudo será trazido à luz; toda hipocrisia neste dia será desmascarada – R.C. Sproul

II. A segunda admoestação que Jesus trata aqui é sobre as perseguições – v. 4-7
(a). Não devemos temer os homens que não se simpatizam com o evangelho
1. Para falar sobre isso aos seus discípulos Jesus se dirige a eles de uma forma carinhosa, e fraternal, chama-os de “meus amigos” – v. 4
2. Estes seus amigos não deveriam temer as perseguições que certamente os alcançaria por serem amigos de Jesus.
a. A primeira grande perseguição foi liderada por Saulo (Paulo), muitos cristãos morreram. Depois com o imperador Nero (70 d.C). Logo após com Domiciano (81-96 d.C) e depois muitas outras.
3. Estes seus amigos não deveriam temer nem mesmo a morte física.
a. A proclamação do evangelho traria perseguição e morte aos discípulos fieis. Mas eles não deveriam temer estas coisas. Porque Deus certamente visitaria seus perseguidores com um castigo bem maior: a morte eterna no inferno – v. 5.
i. "Geena de fogo" traduz-se como inferno, isto é, o lugar da punição futura. Era conhecido originalmente como o vale do Hinom, ao sul de Jerusalém, onde o lixo e os animais mortos da cidade eram jogados e queimados. É um símbolo apropriado para descrever o ímpio e sua destruição futura.
4. Estes seus amigos precisam temer a Deus antes que os homens.
a. O temor aqui é com relação ao julgamento de Deus. “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” – Hb. 10:31.
i. Os discípulos não precisam temer aqueles que apenas matam o corpo.
ii. Os cristãos não precisam ter medo dos oponentes, nem dos sofrimentos (1Pe. 3: 14. Ap. 2: 10). Isto porque o temor aos homens lhes é removido pela segurança em Deus (Mt. 10: 30-31; Hb. 11: 23, 27; 13: 6)
iii. Jesus faz a aplicação deste ponto aqui enfatizando o cuidado protetor de Deus pelos seus discípulos, mencionando o cuidado do Pai para com os pardais.
 Em Mateus 10: 29 lemos que dois pardais eram vendidos por um asse. Aqui aprendemos que cinco pardais são vendidos por dois asses.
 Em outras palavras, um pardal a mais é colocado de graça quando são comprados. Mesmo assim, nem esse pardal extra, sem valor comercial, é esquecido diante de Deus. Se Deus cuida daquele pardal, quanto mais dos que levam o evangelho. Ele conta até os cabelos de sua cabeça – v. 7
a. Aqui temos uma menção a providencia de Deus. Todas as coisas são dirigidas e supridas por Deus.

III. A terceira admoestação que Jesus trata aqui é com relação à apostasia – v.8-10
(a). Aqui a apostasia é caracterizada como uma recusa a confessar Jesus
1. Uma confissão de Cristo perante as pessoas, que é uma proclamação franca da verdade e uma defesa constante da verdade, é exigida de cada seguidor de Cristo.
a. Se o confessarmos Ele, por sua vez, estará do nosso lado no último dia e nos confessará de modo tão pleno, e de modo ainda mais alegre, perante os anjos de Deus que estarão presente diante do trono do julgamento – v. 8
i. Aqui Jesus está tratando dos verdadeiros discípulos que o receberam com Senhor e Salvador de suas vidas.
1. Que honra será para todo o cristão verdadeiro, naquele glorioso Dia, ouvir da própria boca do Filho do Homem (expressar sua messianidade e também designar a si mesmo como o cabeça da família humana): “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” – Mt. 25: 34
2. Aquele que negar Cristo se verá negado e rejeitado exatamente no momento quando mais precisa de socorro e salvação, no dia do julgamento, e perante os santos anjos de Deus que servem de testemunhas – v. 9. Este certamente escutara: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” – Mt. 25: 41
a. Aquele que nega a Cristo está cometendo o pecado imperdoável, que Jesus chama de blasfêmia contra o Espírito Santo.
i. Os fariseus obstinadamente rejeitavam Jesus, e assim corriam no pecado imperdoável que não haverá perdão. Muitos também hoje o rejeitam o sentem vergonha de confessá-lo como Senhor. E se morrerem assim cometeram o pecado imperdoável.
b. Antes de mais nada, precisamos entender que Deus perdoa todo e qualquer pecado se o confessarmos (1Jo. 1: 9), mas só a um, que é imperdoável: a Blasfêmia contra o Espírito Santo (v. 31).
i. A blasfêmia aqui não é palavras de ofensas que proferimos diretamente contra Deus, ou Jesus, ou o Espírito Santo.
ii. O tipo de blasfêmia especificada aqui só pode ser entendida pelo contexto.
1. O contexto nos ensina que os fariseus atribuíam a Satanás o que o Espírito Santo, por meio de Cristo estava realizando – (Mt. 12: 1-32)
a. Eles agiam voluntariamente e deliberadamente. Mesmo com todas as evidencias contrarias, ainda afirmavam que Jesus expulsava demônios pelo poder de Belzebu (Mt. 12: 24)
b. Não só isso, eles faziam progresso no pecado rejeitando e planejando a morte de Jesus – (Mt. 9: 11; 12: 2, 14.
2. Em outros textos somos informados que os fariseus não se entristeciam por seus pecados; antes seus corações continuam endurecidos; E assim, por meio de sua pessoal e criminosa insensibilidade, eles estavam condenando a si próprios.

IV. A quarta admoestação que Jesus trata aqui é com relação a capacitação que seus discípulos receberiam - v. 11-12
(a). Essa capacitação provinha do Espírito Santo
1. Jesus os admoesta a não se preocuparem, quanto as coisas que eles deveriam falar. O Espírito Santo, no exato momento, os ensinaria e lhes daria tais palavras na boca que seriam exatamente as apropriadas para o momento e serviriam para confundir seus inimigos.
a. O Espírito Santo desceria sobre eles e os ensinariam as palavras que deveriam falar quando estes fossem levados as sinagogas, perante os governadores e as autoridades.
b. O Espírito Santo colocaria as palavras certas na boca deles na hora certa.
i. Certamente o Espírito Santo os faria lembrar das palavras que Jesus os ensinara – João 16: 13
ii. Muitos cristãos já ficaram surpresos, quando atacados pelos inimigos de Cristo, diante da facilidade com que fluíam os pensamentos e as palavras que, na ocasião, lhes saíam da boca. Quando uma pessoa não se apóia em sua própria habilidade e astúcia, então o próprio Senhor guiará sua língua na defesa das grandes verdades da Bíblia.
iii. “Temos aqui uma promessa geral a todo o povo de Deus: aos que andam no Espírito, serão dadas as palavras apropriadas nos momentos de crise” – William Macdonald

Conclusão
 Estas admoestações são validas para nós também, pois a todo tempo precisamos pedir a Deus que retire de nós toda hipocrisia, pois quantas vezes vamos para igreja mascarados? Quantas vezes falamos algo e não vivemos? Quantas vezes nos comportamos como fariseus?
 Sim, estas palavras são para nós, pois precisamos confiar mais na providencia de Deus e saber que mesmo nas perseguições Deus estará conosco. O próprio Jesus disse: “Estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. Não precisamos temer o homem, mas a Deus. Isso é, se de fato, somos os seus amigos.
 Estas palavras são validas para nós, porque nos trazem conforto, pois temos a certeza que Jesus nos confessará diante de Deus naquele grande e esperado Dia. E também nos incentiva a encorajarmos outros a não negarem Jesus, mas confessá-lo diante dos homens, para que não sejam rejeitados naquele grande Dia.
 Estas admoestações de Jesus nos dão a certeza de que, o Espírito Santo sempre estará ao nosso lado nos ajudando e nos capacitando.

Rev. Edvaldo Miranda (se for usar, por favor citar o autor)