sábado, 27 de março de 2010

A IGREJA MODELO


Texto: 1TESSALONICENSES. 1: 1-10

INTRODUÇÃO
- Será que somos uma igreja Modelo? Será que estamos ajudando a nossa igreja a ser uma igreja exemplar, uma igreja Bíblica?
- A igreja de Tessalônica era uma igreja modelo. Paulo em sua segunda viajem missionária partiu com Silas de Filipos para a cidade de Tessalônica no ano 50 d.C (At. 17: 1-10), e por três meses anunciaram e ensinaram (sinagogas) os fundamentos da fé cristã naquela cidade.
- Paulo teve que sair daquela cidade por causa do grande tumulto que os judaizantes causaram (At. 17: 5-9).
- Mesmo sendo uma igreja jovem, Paulo fica sabendo através de Timóteo (3: 6-8) que aquela jovem igreja, em meio à perseguição, demonstrava uma fé solidificada nos fundamentos cristãos. Em pouco tempo, Paulo e Silas deixaram uma congregação de crentes bem instruídos das doutrinas da fé, a ponto de não cederem diante das perseguições.
- Os tessalonicenses estavam firmes na fé servindo assim de modelo para outras igrejas daquela região.
- O apóstolo recebendo estas boas noticias de Timóteo, sobre a fé daqueles irmãos, resolve escrever esta carta conhecida como, aos Tessalonicenses. Tessalonicenses é uma das primeiras cartas escritas pelo apóstolo Paulo. Ele escreveu esta carta quando estava na cidade de Corinto no verão de 51 d.C, apenas vinte anos depois da ascensão do Senhor Jesus.
- O tema central desta carta é a volta do Senhor Jesus Cristo. Em cada um dos cinco capítulos Paulo fala sobre este tema tão sublime e importante, pois esse é o fundamento, para que a igreja seja modelo em um mundo caído.
Tese: O apostolo então, nos apresenta aqui quatro características de uma igreja modelo:

F.T – Em primeiro lugar:
I - UMA IGREJA MODELO É COMPOSTA DE PESSOAS ELEITAS –V. 2-4
(a). É um organismo espiritual de pessoas que Deus chamou das trevas para a sua maravilhosa luz - 1 Pd. 2: 9
1. Paulo diz que as pessoas que fazem parte dessa igreja eleita demonstram algumas características:
a. Possuem uma fé operosa
i. Os tessalonicenses possuíam uma fé produtiva
ii. Os tessalonicenses tinham fé e tinham obras - Tg. 2.14-26
 A boa obra não produz salvação, mas é o fruto da Fé genuína.
b. Possuem um amor abnegado
i. Os crentes de Tessalônica eram abnegados ao ponto de chegarem ao esgotamento pela causa do seu Mestre, Salvador e Senhor absoluto.
c. Os crentes de Tessalônica sacrificavam-se em benefício da obra de Deus. Aqueles irmãos perseveravam no amor de Cristo, pois nada poderia separá-los desse amor – Rm. 8.35-39
2. Possuem uma firme esperança no Senhor, mesmo nas tribulações.
i. Os tessalonicenses tinham uma firme esperança que Jesus retornaria para livrá-los de suas tribulações.
a. Essa firme esperança estava alicerçada no fato de que Jesus ressuscitou – 1Pd. 1: 1-9
b. Essa firme esperança estava alicerçada na certeza de que eles eram co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua gloria, alegrassem e exultassem - 1 Pd. 4: 12-16.

F.T – Em segundo lugar:
II - UMA IGREJA MODELO É AQUELA QUE FOI FUNDADA EM BASE SOLIDA – V. 5
(a). A igreja de Tessalônica foi fundada em poder.
1. A mensagem operou na vida deles com um poder (dunamiv) sobrenatural, produzindo:
i. Convicção de pecado
ii. Arrependimento
iii. Conversão
(b). A igreja de Tessalônica foi fundada no Espírito Santo
1. Esse poder foi produzido pelo Espírito Santo.
i. Sem esse poder há igreja certamente não existiria.
ii. Sem esse poder não há possibilidade de sermos testemunhas.
(c). A igreja de Tessalônica foi fundada em plena convicção
1. Convicção de que aquilo que eles escutaram de Paulo era a verdade de Deus. Isso resultou em plena segurança de fé – Rm. 10: 17
Aplicação - Paulo não somente pregava o evangelho, como também levava uma vida coerente com a mensagem que pregava – v. 5b. O melhor sermão é uma vida santa.

F.T – Em terceiro lugar:
III - UMA IGREJA MODELO É COMPOSTA DE PESSOAS QUE TEM UM VIBRANTE TESTEMUNHO – V. 6-7
(a). Os irmãos de Tessalônica testemunharam pelo exemplo de vida (v.7). A igreja de Tessalônica servia de exemplo, para toda a Grécia.
1. Eles possuíam um modo genuinamente cristão de viver, pois imitavam o exemplo de Paulo e do Senhor – v. 6
i. Foi por meio da vida do apostolo que Cristo foi apresentado a eles pela primeira vez.
ii. Aplicação – Os nossos semelhantes devem ver Cristo em nós. Devemos ser capazes de repetir o que Paulo disse: Sedes meus imitadores, como também eu sou de Cristo – 1 Cor.11: 1
2. Eles eram exemplo de perseverança sob as perseguições – v. 6b
i. Aqueles irmãos, mesmo perseguidos eram pessoas alegres.
i. Para o homem do mundo, é impossível experimentar aflição e alegria ao mesmo tempo. Para ele, a tristeza é sempre oposta à alegria. O cristão, porém, desfruta a alegria do Espírito Santo, que independe das circunstâncias.
(b). Os irmãos em Tessalônica também testemunharam pela fala – v. 8
1. Anunciavam a palavra do Senhor
2. Divulgavam a fé para com Deus
i. As bênçãos do evangelho não devem terminar em nós. Devemos ser canais das Boas-Novas para o mundo. Deus brilha em nosso coração a fim de que Sua luz possa resplandecer para os outros – 2Cor. 4: 6
ii. Aplicação: Como anda o seu testemunho já que você também é a igreja?

F.T – Em quarto lugar:
IV - UMA IGREJA MODELO É COMPOSTA DE PESSOAS RECONHECIDAS – V. 9-10
(a). Os irmãos de Tessalônica eram reconhecidos por deixarem a idolatria.
(b). Os irmãos de Tessalônica eram reconhecidos por sua conversão a Deus.
(c). Os irmãos de Tessalônica eram reconhecidos pelo seu serviço ao Deus vivo e verdadeiro.
(d). Os irmãos em Tessalônica eram reconhecidos por aguardarem a Segunda Vinda de Jesus Cristo, aquele que Deus ressuscitou dentre os mortos.
1. Que virá dos céus
2. Que livra-nos da ira vindoura
i. Por meio da Sua morte os nossos pecados foram perdoados, por isso, já nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. – Rm. 8: 1-2

CONCLUSÃO
Será que nós nos parecemos com a igreja de Tessalônica?
Peçamos a Deus nesta noite: Uma fé operosa; Um amor abnegado; Uma firme esperança no Senhor Jesus; Uma fé solidifica; Uma vida coerente com o evangelho; Um testemunho vibrante, com um modo genuinamente cristão de viver, com um exemplo de perseverança sob as perseguições; Peçamos também, para que possamos ser reconhecido nesta cidade não como uma igreja conformada, apática, desanimada, mas como uma igreja transformada, alegre que espera ansiosamente a vinda do nosso Bendito Deus e Salvador Jesus Cristo. Amém

Rev. Edvaldo Miranda (se for usar, por favor, citar o autor)

segunda-feira, 15 de março de 2010

O COMPORTAMENTO PARTICULAR DO CRISTÃO



Texto: Efésios. 4: 25-31; 5: 1-17

Introdução

O assunto que Paulo vai tratar aqui (25-31; 5: 17) é especificamente com relação à vida particular do novo homem. Ele vai abordar aqui o caminhar cristão, ou seja, o seu comportamento.
O apóstolo sai do geral (do que aconteceu com todos aqueles que se revestiram de Cristo) e parte agora para o particular (como estes devem proceder no seu dia a dia).
Ele exorta os irmãos efésios sobre o comportamento que estes deveriam ter como filhos da luz.
Paulo chama a atenção dos efésios se utilizando de mandamentos, para expor o seu ensino, sobre certas coisas que precisavam ser abandonadas, demonstradas e coisas que não deveriam ser aceitas por eles em hipótese alguma.
Tese: È bem verdade, que a certas coisas pecaminosas que, mesmo depois da conversão ainda continuam a existir na vida particular de um cristão, e por esta razão, a palavra de Deus nos adverte sobre elas. O que caracteriza o comportamento particular do cristão? O que ele deve abandonar, distanciar-se, e não aceitar em hipótese alguma?

O primeiro ponto de Paulo aqui é que:
I. O comportamento particular do cristão caracteriza-se pelo o abandono de certas atitudes pecaminosas que entristece o Espírito Santo – v. 25-31
(a). Os cristãos devem deixar a mentira – O verbo “deixar” tem a mesma conotação do verbo despojar no verso 22.
1. Como isso Paulo esta dizendo que os cristãos verdadeiros devem deixar a falsidade, desonestidade, o torcer a verdade, o exagero, a fraude, o não cumprimento das promessas feitas, o trair a confiança.
a. “Deixar a mentira implica não só deixar de falar mentiras, mas em deixar a mentira completamente na conduta do dia a dia, pois há a mentira proferida com a língua e a mentira vivida nas atitudes diárias. Se o apóstolo ordena o despojamento do "velho homem", o que significa abandonar todos os hábitos antigos da velha criatura, isso logicamente inclui a mentira” – Elienai Cabral
2. Paulo da ênfase a essa atitude dizendo: “porque somos membros uns dos outros”. A mentira não é própria da nova vida. Seu sim de ser mesmo sim, e o seu não deve ser não. È esse tipo de atitude que os cristão devem ter entre si.
(b). Os cristãos devem deixar à ira – “irai-vos e não pequeis” – v. 26
1. Dá a idéia de que o crente pode irar-se desde que essa ira não conduza ao pecado. Um pode ser até benéfico. O outro é negativo, pois conduz ao pecado.
a. Há momentos em que o crente pode ser justo a estar zangado, por exemplo, quando alguém maldiz o caráter de Deus; quando nos indignamos por causa do pecado.
b. Há momentos, porém, em que irar-se é pecado. Quando a ira provém da malicia, da inveja, do ressentimento, da vingança ou do ódio procedente de algum mal praticado contra nós mesmos, ela é proibida.
i. Paulo está dizendo aqui que, quando o crente cede à ira, ele deve confessá-la e abandoá-la o mais cedo possível.
1. Deve fazer a sua confissão a Deus e também aquele que foi vitima da sua ira.
2. O cristão não deve guardar ressentimento ou nutrir rancor, nem manter-se irritado - “Não se ponha o sol sobre a vossa ira”.
3. Paulo diz que Isso evita darmos lugar ao Diabo (27), porque pecados de ira não confessados fornecem ao diabo uma porta de entrada e uma base de operações em nossas mentes e depois em nossos corações. Portanto, antes que nosso coração se encha com o veneno do ódio, a ira dever ser expulsa mais rápido possível.
(c). Os cristãos devem deixar o furto – v. 28
1. Temos aqui uma exortação de Paulo ao dever que o cristão tem de viver uma vida honesta. “aquele furtava não furte mais”.
2. È importante observarmos aqui que o apóstolo não estava falando a incrédulos, mas a pessoas nascida de novo. Paulo sabia que o Evangelho havia alcançado toda a sorte de pessoas e, entre essas, aquelas que tinham a fraqueza de praticar o fruto. A palavra "furtar" ofende a muita gente, entretanto ela está presente nas ações de muitos crentes.
a. O furto provém de uma mente egoísta e de uma natureza depravada, que deve ser considerada morta na experiência do dia a dia.
b. O furto pode tomar muitas formas, desde o latrocínio até o simples deixar de pagar as dividas, os impostos.
c. Paulo está aconselhando a cada um cristão a que, trabalhem e não tenham uma vida ociosa, “antes, trabalhem” de uma maneira honesta, e sempre que possível prestar assistências aos necessitados. Ninguém que professar ser cristão pode viver só para si e negligenciar o seu semelhante.
(d). Os cristãos devem deixar as palavras torpes – v. 29
1. Palavra torpe significa, conversa sujo e sugestiva; isso inclui anedotas imorais, profanações e historias indecentes.
2. Palavras torpes são linguagens indecentes, que devem ser substituídas por palavras que produzam edificação (aperfeiçoamento); que seja apropriada; que seja graciosa.
3. O apóstolo Paulo usa a expressão: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus”.
a. Essa expressão esta intimamente ligada às coisas pelas quais os cristãos deveriam deixar: a mentira, a ira pecaminosa, o furto, e a palavra torpe.
b. Essas atitudes são suficientes para entristecer o Espírito santo, justamente porque Ele habita no crente e qualquer ato físico que profane o nosso corpo, que é templo do Espírito Santo, pode entristecê-lo.
c. O ministério do Espírito de Deus é glorificar a Jesus Cristo e transformar o crente na sua semelhança (2Cor. 3: 18).
i. Quando um crente peca, o Espírito interrompe esse ministério para restaurá-lo. Ele se vê obrigado a conduzir o cristão para o lugar de arrependimento – William Macdonald. Por esta razão, deveríamos evitar tudo que possa entristecê-lo, pois Nele fomos selados para o dia da redenção.

O segundo ponto de Paulo aqui é que:
II. O comportamento particular do cristão caracteriza-se pelo o distanciamento dos pecados da língua e do mal gênio – v.31-32
(a). Os cristãos devem se distanciar de toda amargura – Ressentimento que não se extingue. Não ter vontade alguma de perdoar. Guardar rancor.
(b). Os cristãos devem se distanciar de toda cólera – Mau gênio, fúria, antipatia, hostilidade
(c). Os cristãos devem se distanciar de toda ira – Mau humor. Paulo exorta aos irmãos a não viverem mal humorados.
(d). Os cristãos devem se distanciar de toda gritaria – Gritar com ira, discutir em alta voz.
(e). Os cristãos devem se distanciar de toda blasfêmia – Calúnia, difamação, insultos
(f). Os cristãos devem se distanciar de toda malícia – Desejo de fazer o mal aos outros. A malicia é um tipo de iniqüidade que não se envergonha de quebrar a lei. È alguém que tem prazer em fazer o mal.
1. Paulo passa agora a demonstrar as ferramentas pelas quais os cristãos podem se utilizar contra os pecados da língua e do mal gênio (v. 32a):
a. Os cristãos devem ser benignos.
i. È o desejo desinteressado no bem estar dos outros . O desejo de ajudar, mesmo com grande sacrifício pessoal.
ii. Ser benigno é ser gentil, agradável.
b. Os cristãos devem ser compassivos
i. Com isso o apóstolo Paulo esta dizendo que os cristãos devem ter um bom coração.
ii. Com isso o apóstolo estava dizendo que os crentes devem ter uma genuína afeição pelos outros. Manifestar-se na prontidão em levar os fardos uns dos outros.
c. Os cristãos devem praticar o perdão – v. 32b
i. Os cristãos devem estar prontos a perdoarem as ofensas ou passar por cima delas sem conservar qualquer desejo de vingança.
1. Paulo diz que o maior exemplo para pratica do perdão, é o exemplo de Deus - v. 1
2. Um verdadeiro crente possui a confiança produzida pelo próprio Espírito de Deus, que Ele “não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui segundo a nossa iniqüidade” (Sl 105:10).
3. A obra de Cristo na cruz do Calvário é à base do amor de Deus do qual os cristãos são o objeto, embora não mereçamos.
4. Ele nos perdoou quando estávamos em divida com Ele, devemos assim também perdoar os nossos devedores.
5. Deus em Cristo nos perdoou e por isso devemos ser seus imitadores perdoando uns aos outros. Se realmente somos filhos de Deus, nascido de novo, por meio da regeneração produzida pelo Espirito Santo, devemos manifestar perdão. Devemos como filhos imitar o exemplo do nosso Pai.
ii. Os cristãos devem demonstrar no viver diário amor – v. 2
1. Paulo demonstra que o exemplo para pratica do amor é o sacrifício de Cristo por nós. “e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”.
a. Significa que precisamos nos dar uns pelos outros.
i. Porque foi isso que Cristo fez por pelos cristãos.
ii. Essa foi à prova de amor de Cristo por nós.
iii. Devemos provar que amamos a Ele, amando uns aos outros. 1Jo. 4: 7-10 diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação (aplacamento) pelos nossos pecados.”

b. O Senhor Jesus agradou o Pai entregando-se a si mesmo pelos outros. A lição que aprendemos disso é que nós também podemos trazer alegria ao coração de Deus entregando-nos pelos outros.

O terceiro ponto de Paulo aqui é que:
III. O comportamento particular do cristão caracteriza-se pela a não aceitação de coisas que pelas quais, vem a Ira de Deus – v. 3-6
(a). Os cristãos não devem aceitar em hipótese alguma Impudicícias – v. 3
1. Paulo está tratando aqui sobre o adultério, a fornicação (relação entre não casados), a homossexualidade, o lesbianismo, a pornografia, como pecados que não devem fazer parte da vida cristã.
(b). Os cristãos não devem aceitar em hipótese alguma Impurezas – v. 3
1. Paulo está tratando aqui com relação a objetos que possam levar a atos imorais, como também todo e qualquer tipo de material sugestivo, como livros obscenos, filmes pornográficos, programas imorais, que possa incendiar as estas paixões, devem ser abandonados.
(c). Os cristãos não devem aceitar em hipótese alguma a cobiça – v. 3
1. A cobiça aqui é com relação a Ex. 20: 17: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo”.
a. Paulo diz que nenhuma dessas coisas nem sequer se nomeiem entre os cristãos.
b. Não deve haver nem mesmo a necessidade de mencioná-las como atos praticados por crentes.
c. Essas coisas não devem ser mencionas levianamente.
d. Paulo dá ênfase à sua exortação com as palavras, “como convém a santos. Os crentes foram separados da corrupção que está no mundo. Agora devem levar uma vida de separação das paixões carnais, tanto em suas ações como em suas palavras.
(d). Os cristãos não devem aceitar em hipótese alguma conversação torpe – v. 4
1. Paulo está se referindo aqui a piadas e gracejos imorais, e a todo espécie de obscenidades e indecência.
(e). Os cristãos não devem aceitar em hipótese alguma palavras vãs – v. 4
1. Conversas próprias de um tolo. Linguagem de baixo nível. Isso é inadmissível entre cristãos verdadeiros
(f). Os cristãos não devem aceitar em hipótese alguma chocarrices – v. 4
1. Significa brincadeiras ou conversas imorais.
a. O apóstolo Paulo incentiva os cristãos a abandonarem essas coisas inconvenientes – v. 4
i. Em vez de o crente usar sua língua para assuntos tão indignos, deve cultivar o hábito de exprimir sua gratidão a Deus por todas as benções e favores que recebe em sua vida. Isso é agradável ao Senhor, é um bom exemplo aos outros e é bom para a sua própria alma – William Macdonald
b. O apostolo Paulo também diz o porquê, não deveriam ser aceitas estas coisas, v. 5: Porque tais pessoas que praticam tais coisas são incontinentes, impuros, avarentos, idolatras, por isso não terão herança no reino de Cristo e de Deus.
i. Em Ap. 22: 15 também diz: Fora ficam os de mente impura, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira.
ii. Paulo termina esse assunto nos versos 6 – 14 dizendo: “Portanto, não sejais participantes com eles. Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade), provando sempre o que é agradável ao Senhor. E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha. Mas todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz. Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará”.

Conclusão
Que Deus nos ajude a deixarmos tudo aquilo que venha á entristecer o Seu Espírito.
Que Ele nos ajude a nos distanciarmos dos pecados da língua e do mal gênio.
Que possamos como cristãos genuínos rejeitar toda e qualquer coisa que nos conduza a impureza.
Que estejamos cada dia, cônscios, de que, o nosso comportamento particular deve estar solidificado sobre a doutrina da Trindade, como um exemplo para um viver santo e agradável como filhos da luz. O apóstolo Paulo em cada ponto tratado aqui se utiliza dessa doutrina para solidificar o seu ensino.
Que assim também, possamos solidificar nossas vidas sobre tão maravilhosa doutrina, e tão maravilhosos mandamentos tratados por ele aqui.

Rev. Edvaldo Miranda

OBSTÁCULOS PARA VIR A CRISTO


"Ninguém pode vir a mim" (Jo. 6:44)

O homem natural é incapaz de "vir a Cristo". Citemos João 6:44, " Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer." A razão pela qual "duro é esse discurso", até mesmo para milhares que professam ser cristãos, é que eles fracassam completamente em compreender o terrível estrago que a queda provocou; e, o que é pior, eles mesmos não se dão contam da "chaga" que existe nos seus próprios corações (1 Rs. 8:38). Certamente se o Espírito já os tivesse despertado do sono da morte espiritual, e lhes dado ver alguma coisa do pavoroso estado em que estão por natureza, e feito sentir que suas "mentes carnais" são "inimizade contra Deus" (Rm. 8:7), então eles não mais discordariam dessa solene palavra de Cristo. Mas aquele que está espiritualmente morto não pode ver nem sentir espiritualmente.
Onde reside a total incapacidade do homem natural? Ela não está na falta das faculdades necessárias. Isso tem de ser bastante enfatizado, do contrário o homem caído deixaria de ser uma criatura responsável. Mesmo que os efeitos da queda tenham sido terríveis, eles não privaram o homem de nenhuma das faculdades que Deus originalmente lhe concedeu. É verdade que o pecado tirou do homem a capacidade de utilizar essas faculdades corretamente, ou seja, empregá-las para a glória do Criador. Entretanto, o homem caído possui ainda a mesma natureza, corpo, alma e espírito, que tinha antes da Queda. Nenhuma parte do ser do homem foi aniquilada, ainda que cada uma tenha sido contaminada e corrompida pelo pecado. De fato, o homem morreu espiritualmente, mas a morte não é a extinção do ser (aniquilação) __ morte espiritual é a alienação de Deus (Ef. 4:18). Aquele que é espiritualmente morto está bem vivo e ativo no serviço de Satanás.
A incapacidade do homem caído (não regenerado) de vir a Cristo não reside em nenhum defeito físico ou mental. Ele tem o mesmo pé para levá-lo tanto a um local onde o Evangelho é pregado, como para caminhar até um bar. Ele possui os mesmos olhos que podem lhe servir para ler tanto as Escrituras Sagradas como os jornais. Ele tem os mesmos lábios e voz para clamar a Deus os quais usa agora em conversas fiadas e em canções ridículas. Assim, também, possui as mesmas faculdades mentais para ponderar sobre as coisas de Deus e sobre a eternidade, as quais ele utiliza tão diligentemente nos seus negócios. É por causa disso que o homem é "indesculpável". É o mau uso das faculdades que o Criador lhe concedeu que aumenta a sua culpa. Que cada servo de Deus veja que essas coisas pesam constantemente sobre os seus ouvintes não convertidos.

1) A incapacidade do homem está na sua natureza corrompida.
Nós temos de ir bem mais a fundo se quisermos encontrar a fonte da incapacidade do homem. Devido à queda de Adão, e por causa do nosso próprio pecado, a nossa natureza se tornou tão corrompida e depravada que é impossível para qualquer homem "vir a Cristo", amá-lO e serví-lO, estimá-lO mais que tudo neste mundo e submeter-se a Ele, até que o Espírito de Deus o regenere e implante nele uma nova natureza. A fonte amarga não pode jorrar água doce, nem a árvore má produzir bons frutos. Deixe-me tentar explicar isso melhor através de uma ilustração. É da natureza de um abutre alimentar-se de carniça; no entanto, ele tem os mesmos órgãos e membros que lhe permitiriam comer grãos, como fazem as galinhas, mas ele não possui nem a disposição nem o apetite para tal alimento. É da natureza da porca o chafurdar na lama; e apesar dela possuir pernas como a ovelha para levá-la à campina, lhe falta entretanto o desejo por pastos verdejantes. Assim acontece com o homem não-regenerado. Ele tem as mesmas faculdades físicas e mentais que o homem regenerado possui para empregar no serviço e nas coisas de Deus, mas não tem amor por elas.
"Adão... gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem" (Gn. 5:3). Que terrível contraste há aqui com o que lemos dois versículos antes: "... Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez". No intervalo entre esses dois versos, o homem caiu, e um pai caído pode gerar somente um filho caído, transmitindo-lhe a sua própria depravação. "Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? (Jó 14:4). Por isso nós encontramos o salmista de Israel declarando, "Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe"(Sl. 51:5). No entanto, apesar de por natureza Davi ser um monte de iniquidade e pecado (como também somos nós), mas tarde a graça fez dele o homem segundo o coração de Deus. Desde que idade essa corrupção da natureza aparece nas crianças? "Até a criança se dá a conhecer pelas suas obras" (Pv. 20:11). A corrupção do seu coração logo se manifesta: orgulho, vontade própria, vaidade, mentira, aversão ao que é bom, são frutos amargos que cedo brotam no novo, mas corrupto, ramo.

2) A incapacidade do homem está na completa escuridão em que se encontra o seu intelecto.
Essa importante faculdade da alma foi destituída da sua glória original, e coberta de confusão. Tanto a mente como a consciência estão corrompidas: "Não há quem entenda"(Rm. 3:11). O apóstolo solenemente lembra os santos, "Pois outrora éreis trevas" (Ef. 5:8), não somente estavam "em trevas", mas eram as própria "trevas". O pecado fechou as janelas da alma e a escuridão se estende por todo o lugar: ela é a região das trevas e da sombra da morte, onde a luz é como a escuridão. Lá reina o príncipe das trevas, onde não se pratica nada além das obras das trevas. Nós nascemos espiritualmente cegos, e não podemos ter essa visão restaurada sem um milagre da graça. Esse é o seu caso quem quer que você seja, se ainda não nasceu de novo" (Thomas Boston, 1680). "São filhos sábios para o mal, e não sabem fazer o bem" (Jr. 4:22).
"O pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar"(Rm. 8:7). Existe no homem não regenerado uma oposição e aversão pelas coisas espirituais. Deus revelou a Sua vontade aos pecadores no tocante ao caminho da salvação, contudo eles não trilharão esse caminho. Eles sabem que somente Cristo é capaz de salvá-los, no entanto eles recusam se separar das coisas que obstruem o seu caminho até a Ele. Eles ouvem que é o pecado que mata a alma, no entanto o afagam em seu peito. Eles não dão ouvidos às ameaças de Deus. Os homens acreditam que o fogo há de consumir-lhes, e estão em grande tormento para evitá-lo; contudo, mostram com suas ações que consideram as chamas eternas como se fossem um mero espantalho. O mandamento divino é "santo, justo e bom", mas o homem o odeia, e só o observa enquanto a sua respeitabilidade é promovida entre os homens.

3) a incapacidade do homem está na corrupção dos seus sentimentos.
"O homem, no estado em que se encontra, antes de receber a graça de Deus, ama tudo e qualquer coisa que não seja espiritual. Se você quiser uma prova disso, olhe ao seu redor. Não há necessidade de nenhum monumento à depravação dos sentimentos humanos. Olhe por toda parte. Não há uma rua, uma casa, e não somente isso, nenhum coração, que não possua uma triste evidência dessa terrível verdade. Por que no Dia do Senhor o homem não é encontrado congregando-se na casa de Deus? Por que não nos achamos mais freqüentemente lendo nossas Bíblias? O que acontece para a oração ser
um dever quase que totalmente negligenciado? Por que Jesus Cristo é tão pouco amado? Por que até mesmo os seus seguidores professos são tão frios em seus sentimentos para com Ele? De onde procedem essas coisas? Seguramente, caros irmãos, nós não podemos creditá-las a outra fonte que não a corrupção e a perversão dos sentimentos. Nós amamos o que deveríamos odiar, e odiamos o que deveríamos amar. Não é outra coisa senão a natureza humana caída que nos faz amar esta vida mais do que a vida por vir. É um efeito da Queda o fato do homem amar o pecado mais que a justiça, e os caminhos do mundo mais que os caminhos de Deus". (Sermão de C.H. Spurgeon em Jo. 6:44).
Os sentimentos do homem não regenerado são totalmente depravados e desordenados. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto" (Jr. 17:9). O Senhor Jesus afirmou solenemente que os sentimentos do homem caído (não regenerado) são a fonte de toda abominação: "Porque de dentro do coração do homem, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, a malícia, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura" (Mc. 7:21,22). Os sentimentos do homem natural estão miseravelmente deformados, ele é um monstro espiritual. O seu coração se encontra onde deveriam estar os seus pés, seguro ao chão; seus calcanhares estão levantados contra os Céus, para onde deveria estar posto o seu coração (At. 9:5). Sua face está voltada para o inferno; por isso Deus o chama para converter-se. Ele se alegra com o que deveria entristecê-lo, e se entristece com o que deveria alegrá-lo; se gloria com a vergonha, e se envergonha da sua glória; abomina o que deveria desejar, e deseja o que deveria abominar (Pv. 2:15-15) (extraído do Boston’s Fourfold State).

4) Sua incapacidade está na total perversão da sua vontade.
"O homem pode ser salvo se ele quiser", diz o arminiano. Nós lhe respondemos, "Meu caro senhor, nós todos cremos nisso; mas essa é que é a dificuldade __ se ele quiser." Nós afirmamos que nenhum homem deseja vir a Cristo por sua própria vontade; não, não somos nós que o dizemos, mas Cristo mesmo declara: "Contudo não quereis vir a mim para terdes vida" (Jo. 5:40); e enquanto esse "não quereis vir" estiver registrado nas Escrituras nós não podemos ser levados a crer em nenhuma doutrina do livre arbítrio. "É estranho como as pessoas, quando falam sobre livre arbítrio, falam de coisas das quais nada compreendem. Um diz "Ora, eu creio que o homem pode ser salvo ser ele quiser". Mas essa não é toda a questão. O problema é: é o homem naturalmente disposto a se submeter aos termos do Evangelho de Cristo? Afirmamos, com autoridade bíblica, que a vontade humana é tão desesperadamente dada ao engano, tão depravada, e tão inclinada para tudo que é mau, e tão avessa a tudo aquilo que é bom, que sem a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum homem nunca será constrangido a buscar a Cristo." (C.H. Spurgeon).
"Há uma corda de três pontas contra o céu e a santidade, que não é fácil de ser rompida; um homem cego, uma vontade pervertida, e um sentimento desordenado. A mente, inchada pela vaidade, diz que o homem não deve se humilhar; a vontade, inimiga da vontade de Deus, diz: ele não quer; as emoções corrompidas levantando-se contra o Senhor, em defesa da vontade corrompida diz: ele não irá. Assim a pobre criatura permanece irredutível contra Deus, até o dia do Seu poder, quando é feito nova criatura" (Thomas Boston).
Pode ser que alguns leitores sejam inclinados a dizer: "ensinamentos como estes desencorajam pecadores e os levam ao desespero". Nossa resposta é: Primeiro, eles estão de acordo com a Palavra de Deus! Segundo, esperamos que Ele se agrade em usar essas verdades para levar alguns a desesperarem-se de qualquer ajuda que possam encontrar neles mesmos. Terceiro, esse ensino manifesta a absoluta necessidade da obra do Espírito Santo nessas criaturas depravadas e espiritualmente impotentes, se algum dia vierem salvificamente a Cristo. Então, até que isso seja claramente entendido, o Seu auxílio nunca será realmente buscado.

Obs: Extraído de folheto distribuído pela Chapel Library

QUE É A IGREJA?


"Grande é este mistério: digo-o, porém, a respeito de Cristo e da Igreja" (Ef.5:32)

Não há assunto algum, em matéria de religião, que seja tão mal entendido como este: A Igreja.
Provavelmente, nada há que tenha feito tanto mal aos cristãos professos, como o mal entendido a respeito deste ponto.
Não há palavra que tenha sido usada com tanta variedade de sentidos, como a palavra "Igreja". É palavra que ouvimos constantemente, e não podemos deixar de observar que as pessoas a empregam em sentidos diferentes. O inglês bem educado, quando fala de 'Igreja", que quer ele dizer? Geralmente se refere à igreja episcopal estabelecida em seu país. O católico romano, quando fala em "Igreja", que quer ele significar? Quer dizer igreja romana, acrescentando que não há igreja verdadeira no mundo, além dela, e tantos outros que querem eles dizer? Uns querem dizer o edifício em que prestam culto a Deus , aos domingos; outros referem-se ao clero, pois quando alguém é ordenado costuma-se dizer que "entrou para a Igreja"; outros têm vagas idéias a respeito do que costuma chamar de sucessão apostólica, dando a entender com isto, misteriosamente, que a igreja é composta de cristãos governados unicamente por bispos.
Não há o que dizer contra tudo isso. São fatos presentes e notórios, e todos eles concorrem para explicar a asserção que fizemos no início destas considerações: não há assunto tão mal entendido como o que trata da "Igreja".
Leitor, creio que, presentemente, é da maior importância ter idéias claras a respeito da "Igreja". Creio que a falta da correta compreensão deste assunto é uma das grandes causas dos erros religiosos em que muitos caem. Desejo chamar a sua atenção para aquele grande e principal sentido em que a palavra "Igreja" é empregada no Novo Testamento.
Quero dissipar a névoa em que este assunto está envolvido. Com verdade falou o bispo Jewell, o reformador, quando disse: "Os inimigos da verdade ensinam muita doutrina falsa debaixo do nome da Santa Igreja, porque nunca houve nada até hoje tão absurdo ou tão perverso, que não fosse fácil defender sob o nome da Igreja".
Deixe-me então mostrar-lhe, em primeiro lugar, qual é a verdadeira Igreja fora da qual ninguém pode salvar-se.
Há, realmente, uma igreja fora da qual não há salvação, uma igreja a que o homem deve pertencer se não quiser perder-se por toda a eternidade. Exponho-lhe isto sem hesitação ou reserva. Digo-o com tanta confiança e certeza, como o mais forte defensor da igreja romana o pode fazer. Mas, qual é esta Igreja? Onde está ela? Por que sinais esta igreja deve ser conhecida? Eis uma grande questão!
A verdadeira Igreja está bem descrita no serviço de comunhão da Igreja da Inglaterra, "como o corpo místico de Cristo, que é a companhia bendita de todo o povo fiel". É composta de todos os crentes em Jesus Cristo. É formada por todos os eleitos de Deus, por todos os homens e mulheres convertidos - por todos os verdadeiros cristãos nos quais podemos distinguir a eleição de Deus, o Pai, a purificação pelo sangue de Deus, o Filho, e a santificação de Deus, o Espírito. Em tais pessoas podemos ver os membros da verdadeira Igreja de Cristo.
É uma Igreja em que todos os membros têm os mesmos sinais. São todos renascidos do Espírito Santo. Todos devem ter "arrependimento para com Deus , fé em nosso Senhor Jesus Cristo e santidade de vida e de conversação". Todos odeiam o pecado e amam a Cristo. Adoram a Deus... todos com o coração igualmente sincero. São todos guiados pelo mesmo Espírito; todos edificam sobre o mesmo alicerce; todos tiram a sua religião do mesmo único livro; todos se reúnem no mesmo centro - que é Cristo! Todos podem, mesmo já, dizer: Aleluia! E podem responder com um coração igualmente crente e uma voz unânime: "Amém, amém".
É uma Igreja que não depende dos ministros cá da terra, ainda que aprecie muito aqueles que pregam o evangelho. A vida espiritual de seus membros não depende do fato de se filiarem a uma igreja, nem depende do Batismo e Ceia do Senhor, não obstante darem grande valor a estes Sacramentos cada vez que são celebrados.
Mas esta Igreja tem um Cabeça principal, um Pastor, um Bispo, que é Jesus Cristo. Só Ele, pelo seu Espírito, admite os membros desta Igreja, ainda que são os ministros que mostram a porta.
Enquanto Ele não abrir a porta, ninguém aqui no mundo pode abri-la; nem bispos, nem presbíteros, nem reuniões, nem sínodos e nem concílios. Quando o homem se arrepende e crê no Evangelho, nesse mesmo momento torna-se membro desta Igreja. Como o ladrão arrependido, pode não ter ocasião de ser batizado, mas tem aquilo que é muito melhor do que o batismo da água: o batismo do Espírito Santo. Talvez não possa receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas pode, por meio da fé, alimentar-se de Cristo todos os dias de sua vida, e nenhum ministro, na terra, pode privá-lo disto. Ele pode, por injustiça, ser excluído por aqueles que são ordenados, e privado dos privilégios da Igreja. Porém, nem todos os sacerdotes do mundo inteiro podem exclui-lo da verdadeira Igreja. A existência desta Igreja não depende de formas nem de cerimônias, de catedrais ou templos, de púlpitos ou pias batismais, de vestimentas ou órgãos, de dotes, dinheiro, reis, governos, magistrados, de ato ou favor, qualquer que seja, da mão do homem. Ela sempre permaneceu, quando tudo isto lhe foi tirado. Foi muitas vezes lançada no deserto ou em covas e cavernas da terra, por aqueles que deveriam ser seus amigos. Mas a sua existência não depende de coisa alguma, além da presença de Cristo e de seu Espírito e, enquanto estes nela permanecerem, a Igreja não pode deixar de existir.
Esta é a Igreja a que especialmente pertencem, por direito, as honras e privilégios presentes e as promessas da glória futura. Este é o Corpo de Cristo, a Esposa do Cordeiro, o Rebanho de Cristo, os domésticos da fé e a família de Deus. Esta que é o edifício de Deus, a fundação de Deus e o Templo do Espírito Santo. Esta é a Igreja dos primogênitos cujos nomes estão escritos no céu. Ela é a "a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido"; é a luz o mundo, o sal e o pão da terra. Esta é a Santa Igreja Católica (universal) de que fala o Credo dos Apóstolos. Esta é única Igreja católica e apostólica do Credo de Nicéia.
Foi a esta igreja que Cristo fez a promessa de que as "portas do inferno" não prevaleceriam contra ela. Foi a ela também que Ele disse: "Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos". Esta é a única Igreja que possui a verdadeira união. Seus membros estão perfeitamente de acordo com os pontos mais importantes da religião, porque são todos ensinados pelo mesmo Espírito a respeito de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, do pecado e de seus corações. O mesmo Espírito os ensina a respeito da fé, do arrependimento, da necessidade de santificação, do valor da Bíblia, da importância da oração, da ressurreição e do julgamento futuro. Eles compreendem todos estes pontos do mesmo modo. Convidai três ou quatro deles, dos países mais remotos da terra, completamente estranhos uns aos outros, e examinai-os separadamente sobre estes pontos, e achá-los-eis todos de perfeito acordo.
Esta é a única Igreja que possui verdadeira santidade. Seus membros são todos santos. Santos não meramente por terem professado a religião, ou santos no nome, ou no sentido de exercerem a caridade. Mas santos em ações e obras, em vida, realidade e verdade. São todos, mais ou menos, semelhantes ao grade Chefe.
Esta é a única Igreja verdadeiramente católica. Não a Igreja de uma certa nação ou povo. Seus membros encontram-se por toda a parte, no mundo onde o Evangelho é recebido e crido. Não se encerra dentro dos limites de qualquer país, em formas particulares ou em regras de governo.
Nesta Igreja não há diferença entre judeu e grego, preto e branco, episcopal e presbiteriano, mas a fé em Jesus Cristo é que é tudo. Seus membros virão reunir-se do norte, do sul, do oriente e do ocidente, no último dia e serão de todas as nações, nomes e reinos, povos e línguas, mas todos serão um em Jesus Cristo.
Esta é a única Igreja verdadeiramente apostólica, pois foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos e guarda a doutrina que eles pregaram. Os dois grandes pontos que seus membros conservam sempre diante dos olhos, são a fé apostólica e a prática apostólica. E a todo homem que fala em seguir os apóstolos, sem possuir estas duas coisas, consideram eles como o metal que soa ou o sino que tine.
Esta e a única Igreja que, certamente, há de existir até o fim. Coisa alguma poderá arruiná-la ou destruí-la. Seus membros podem ser perseguidos, oprimidos, encarcerados, açoitados, degolados ou queimados, mas a verdadeira Igreja nunca se extinguirá. Sai de suas aflições, e vive como que através do fogo e da água. Quando esmagada numa terra, floresce noutra. Os faraós, os Herodes, os Neros, os Julianos, os Dioclecianos, Maria - a sanguinária, Carlos IX, em fim, todos trabalharam em vão para destruí-la. Mataram milhares, mas também eles desapareceram da face da terra. A verdadeira Igreja, no entanto, sobreviveu. Assistiu ao sepultamento de cada um deles. É, na verdade, uma bigorna que tem quebrado muitos martelos neste mundo. É uma sarça que arde e, contudo, não se consome.
Esta é a única Igreja da qual nenhum membro pode perecer. Os pecadores alistados no rol desta Igreja serão eternamente salvos e nunca serão lançados fora.
A eleição de Deus, o Pai; a contínua intercessão de Deus, o Filho; a diária renovação e santificação de Deus, o Espírito Santo, cercam e guardam os salvos como num jardim fechado. Nem um só osso do Corpo Místico de Cristo será quebrado. Nem um só cordeiro do rebanho de Cristo será arrancado de Suas mãos. Esta é a Igreja que continua a obra de Deus sobre a terra. Seus membros são um pequeno rebanho, pouco em número, comparativamente com o povo do mundo: um ou dois aqui; dois ou três ali; uns nesta paróquia; outros naquela além. Mas são estes que abalam o Universo. São estes que removem reinos com suas orações. São estes os membros ativos que espalham o conhecimento da religião pura e sem mácula. Eles que são a conservação do país - o escudo, a defesa, o esteio e a segurança da nação a que pertencem!
Esta é a Igreja que há de ser verdadeiramente gloriosa no último dia. Quando todas as glórias terrestres desaparecerem, então esta Igreja será apresentada sem mácula diante do trono de
Deus, Pai. Tronos, principados, poderes da terra, tudo será desfeito. Dignidades, empregos e riquezas desaparecerão. Mas a Igreja do Primogênito brilhará no último dia como as estrelas, e será apresentada com júbilo diante do trono do Pai, no dia em que Cristo aparecer. Quando as jóias do Senhor forem reunidas e tiver lugar a manifestação dos filhos de Deus, não se falará nem em episcopais, nem presbiterianos. Uma única Igreja será nomeada: A Igreja dos Eleitos!
É para esta Igreja que o verdadeiro ministro do Evangelho de Jesus Cristo principalmente trabalha. De que serve ao verdadeiro ministro que se encha a casa onde ele prega? De que serve a ele ver crescer o número de comungantes ou aumentar a congregação? Tudo isto é nada! O que ele deseja é ver homens e mulheres renascidos, almas convertidas e sujeitas a Cristo! O que ele quer, é ver uns aqui, outros ali, retirando-se do mundo, tomando a sua cruz e seguindo a Cristo e, desta forma, aumentando o número de membros da verdadeira Igreja.
Leitor, esta é a Igreja a que o homem deve pertencer, se quer ser salvo. Enquanto você não pertencer a esta Igreja, não será mais do que uma alma perdida. Você poderá ter a aparência de religioso, isto é, poderá ser religioso na casca, na pele e, contudo, não ter obtido a substância da vida. Sim! Você poderá Ter inumeráveis privilégios, poderá gozar dos benefícios da luz e do conhecimento, poderá ter grandes oportunidades! Mas, se não pertencer de fato ao Corpo de Cristo, nada disto o salvará! Ai de nós, por causa da ignorância que existe sobre este ponto! O homem imagina que pertencendo a esta ou àquela igreja - e tornando-se comungante em qualquer delas, observando certas fórmulas -, tudo estará bem com relação a sua alma. Isto é uma total ilusão e grande erro! Nem todos os que tinham o nome de Israel eram israelitas; nem todos os que professam ser cristãos, são membros do Corpo de Cristo! Preste atenção: Você pode ser um firme episcopal, presbiteriano, independente, batista e, contudo, não pertencer à verdadeira Igreja. Se é assim, seria melhor que você nunca houvesse nascido!

Nota sobre o Autor: J.C. Ryle, foi um bispo anglicano contemporâneo ao grande pregador Charles Haddom Spurgeon e que desponta como um dos mais eminentes representantes da fé genuína no século passado com pregações bíblicas e estudos reconhecidos por todo o mundo onde se encontra a verdadeira Igreja de Cristo. "Em sua época ele era famoso, notável e amado como campeão e expositor da reformada fé evangélica. O bispo Ryle fartou-se profundamente das fontes dos grandes escritores puritanos clássicos do século XVII. De fato, seria apenas falar com precisão se disséssemos que seus livros destilam a verdadeira teologia puritana, apresentada sob uma forma moderna e de fácil leitura"(D.M.Lloyd-Jones)

Autor: J.C. Ryle
Extraído do livrete "Que é a Igreja?" publicado pela Cultura Cristã - CEP-IPB