terça-feira, 27 de julho de 2010

QUATRO COISAS QUE TORNA O CRENTE UMA PESSOA MAIS DO QUE FELIZ

Texto: SALMO 1

INTRODUÇÃO
- O que precisamos fazer para sermos felizes? Muitas pessoas pensam e ensinam, que a felicidade depende do que possuímos, será que isso é verdade? Será que a verdadeira felicidade depende do valor monetário que temos no Banco,das mansões que possuimos, das impresas que administramos, dos carrões que temos em nossa garagem, como muitos pregadores da "teologia da prosperidade" afirmam? Será que o falecido brasileiro que recentemente tirou sozinho mais de 50 milhões de reais encontrou a verdadeira felicidade? Será que um jogador de futebol que ganha aproximadamente entre cinco a seis milhões de dólares por ano tem a verdadeira felicidade? O que precisamos fazer para sermos felizes?
E.T - Existe neste Salmo, uma diferença progressiva entre o crente e o ímpio. Tudo se resume assim: O ímpio se acha feliz por aquilo que possui, mas o homem temente a Deus é feliz por aquilo que ele é:
1. Diferentemente do que alguns pensam e ensinam, a felicidade depende do que eu sou, e não do que tenho. Ser em lugar de ter é um dos ensinos principais das Escrituras.
A.T - O ímpio se acha feliz por aquilo que faz para si próprio, por sua vez, o crente é feliz por aquilo que faz para agradar a Deus!
S.T – Podemos observar isso de acordo como nos mostra o Salmo 1:

I. O CRENTE VERDADEIRO NÃO ANDA SEGUNDO O CONSELHO (OPINIÕES) DOS IMPIOS.
(a). Não andar segundo o conselho dos ímpios, significa dizer que o crente verdadeiro não adota os princípios mundanos, e nem a conduta dos incrédulos.
1. Um verdadeiro cristão não pode ser influenciado por pessoas que não temam o Deus Bendito.
a. O ímpio, em geral, é alguém que conhecemos, em casa ou no trabalho, mas que é insensato, que não quer nada com Deus. Por isso: "diz o insensato em seu coração: não há Deus; corrompem-se e praticam iniqüidade" (Sl 53.1). Esse tipo de pessoa, por mais amável que seja, nunca dará bom conselho a ninguém, pois ele mesmo anda em maus caminhos.
2. Um verdadeiro cristão que conhece o Deus que é extremamente Santo não vive segundo o padrão moral de vida dos incrédulos.
a. Porque todos que um dia se depararam com a santidade Deus tiveram suas vidas transformadas e influenciadas por ela - Is. 6: 5; Lc. 5: 8; Ap. 1: 17
i. Por isso o nosso padrão moral de vida deve ser a santidade de Deus, porque ele diz: Eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo – Lv. 11: 44.
3. Um verdadeiro cristão não aceita conselhos de pessoas que o induzirão a pecar contra o Senhor.
a. Pv 12.5 diz: Os pensamentos do justo são retos, mas os conselhos do perverso, engano.
4. Um verdadeiro cristão anda sempre em direção oposta ao "curso deste mundo" (Ef 2.2)
a. É bom que fique claro que estamos no mundo, mas não somos do mundo.
5. Um verdadeiro cristão anda segundo o conselho de Deus por meio do Espírito Santo.
a. Porque o conselho do Senhor dura para sempre - Sl 33.11
b. Porque se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito - Gl 5.25

II. O CRENTE VERDADEIRO NÃO SE DETÉM NO CAMINHO (DÁ VIDA PRÁTICA) DOS PECADORES.
(a). Não se deter no caminho dos pecadores, significa não parar para dá uma olhada.
1. O caminho dos pecadores envolve prazeres e negócios ilícitos, que levam ao vício ou à corrupção. É importante passar adiante ou passar de longe. Significa também que o crente deve fugir da agenda dos insensatos.
a. Não pare, nem se distraia.
b. Não imite as suas práticas carnais.
2. O crente é luz e a luz brilha nas trevas
a. Quanto a isso o apostolo Paulo escreveu o seguinte: “Portanto, não sejais participantes com eles. Pois, outrora, éreis trevas, porém agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz, porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade, provando sempre o que é agradável ao Senhor” – Ef. 5:7-10
3. O crente não pode se embaraçar com as coisas desta vida
a. Devemos nos desembaraçar de todo pecado que fortemente nos assedia, corramos com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus.. - Hb 12.1-2.
b. Quando alguém começa a se envolver com as práticas comuns aos ímpios, é porque se deteve naquilo que o levará conseqüentemente à destruição.
(b). Não se deter no caminho dos pecadores, também significa evitar situações que possam comprometer sua vida cristã, uma vez que nós não podemos nos deter em qualquer lugar. Martinho Lutero disse: “o deus de um homem é aquilo que ele ama.”; João diz: “não ameis o mundo, nem o que no mundo há, se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele.” (1Jo. 2.15). Que o mudo não exerça influencia em nossas vidas.

III. O CRENTE VERDADEIRO NÃO SE ASSENTA NA RODA DOS ESCARNECEDORES
(a). Não se assentar na roda dos escarnecedores, significa não ter comunhão com pessoas que não compartilham da nossa fé.
1. Temos que evitar certos ambientes, onde já sabemos que haverá pessoas que zombarão da nossa fé.
a. Ex: Lc 22.55 nos diz que Pedro dá um passo rumo ao fracasso quando se afasta de Cristo e se aproxima de seus inimigos na casa do sumo sacerdote. Pedro assentou-se na roda dos escarnecedores. Tornou-se um com eles. Misturou-se com gente que escarnecia de Cristo. Colocou uma máscara e tornou-se um discípulo disfarçado no território do inimigo. Sua mistura com o mundo custou-lhe caro, pois foi nesse terreno escorregadio que sua máscara foi arrancada e sua queda tornou-se mais vergonhosa.
2. Não devemos fazer parte de uma comunidade de escarnecedores, que zombam e brincam com Deus, porque de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará - Gl. 6: 7
3. É necessário vivermos em constante estado de alerta, senão, de repente, por alguma distração, podemos nos ver assentados com zombadores, participando de suas brincadeiras de mau gosto.
4. Quem ouvir os sábios conselhos da Palavra de Deus, evitará estar assentado na roda dos escarnecedores, se deliciando com suas piadas imorais.
a. Pv 4.10-12 diz: “Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, e se te multiplicarão os anos de vida. No caminho da sabedoria, te ensinei e pelas veredas da retidão te fiz andar. Em andando por elas, não se embaraçarão os teus passos; se correres, não tropeçarás.”
(b). Não se assentar não significa isolamento total.
a. Não temos que nos isolar das pessoas e dos nossos amigos que não são crentes; pois se assim o fizermos quem irá falar do amor de Deus para eles. Não há ninguém melhor do que nós, amigos já convertidos, para levá-los a presença de Deus. Porém, temos que tomar cuidado com certos tipos de pessoas que não respeitam a nossa fé.

IV. O CRENTE VERDADEIRO TEM SEU PRAZER NA LEI DO SENHOR
(a). O crente verdadeiro se refugia de dia e noite na Lei do Senhor. Não raramente, mas diligentemente e constantemente. Ele tem uma fome insaciavél pela Lei do Senhor. Ele ama a Lei do Senhor.
1. Lei aqui é um sinônimo da Palavra de Deus (Js. 1: 7; 2Rs. 17: 13; 21: 8)
a. O crente considera constantemente a Palavra de Deus como regra de suas atitudes, a fonte de seu consolo; ele tem a Palavra do Senhor de dia e de noite em seus pensamentos, para que não venha andar como os gentios, na vaidade de seus proprios pensamentos - Ef. 4: 17
b. A palavra de Deus é o estrumento que forja o carater do crente
c. È por meio da palavra de Deus que o crente cresce, mediante a aceitação obediente aos seus ensinos, que exprimem a vontade de Deus.
d. A Escritura como um banquete refresca a alma do crente.
i. “Ela o satifaz com visões de Deus como sendo o seu proprio Deus. Cristo como seu proprio Salvador; o Espírito como seu guia, Santificador e Confortador; o céu como seu lar eterno; e todas as coias ordenadas para o seu bem-estar” – Henry Law

APLICAÇÃO – Todos que se deleitam na Lei de Deus são bem sucedidos como uma árvore frutiferá e florescente. Seu fruto aparecerá no tempo apropriado, não necessariamente de imediato, e sua saúde espiritual geral representada pelas folhas, será boa. O fruto que um cristão produz é primeiramente um carater transformado e uma conduta piedosa (Gl. 5: 22-23). Por meio da Lei do Senhor, a vida do crente é enriquecida e assim ele se torna um canal de benção para os outros. Beneficiando os outros através do seu exemplo de vida e com suas boas obras que glorificam a Deus - 1Pe. 2: 12

CONCLUSÃO
Observem que o caminho do pecado sempre vai piorando: a pessoa ANDA no conselho dos ímpios, se DETÉM no caminho dos pecadores e finalmente se ASSENTA na roda dos escarnecedores. Mas o verdadeiro crente se mantém distante:
1. Ele não anda segundo o conselho (opiniões) dos impios.
2. Ele não se detém no caminho (dá vida prática) dos pecadores.
3. Ele não se assenta na roda dos escarnecedores
4. Ele tem seu prazer na Lei do Senhor
È por isso que podemos afirmar que o crentre verdadeiro é uma pessoa mais do que feliz, porque ele é diferente do ímpio em seu comportamento e objetivos. Você se acha uma pessoa mais do que feliz? Se estiveres andando no caminho dos justos certamente que sim, mas se não, por mais que você se ache feliz, porque possui alguma coisa, lembrem-se que alguns pensam e ensinam que a felicidade depende do que você tem, mas as Escrituras nos ensinam o contrario, que a verdadeira felicidade vem daquilo que nós somos e não daquilo que possuímos. Quem você é? Um ímpio ou um justo? Feliz porque tem, ou feliz porque é?

Mensagem ministrada na Igreja Presbiteriana de Picuí, pelo Rev. Edvaldo Miranda.

O CULTO QUE NÃO CULTUA A DEUS

Por Pr. José Santana Dória

Por vezes pensamos que não há nenhuma dificuldade ou problema com respeito à liturgia utilizada nos cultos dos nossos dias, pois achamos que tudo aquilo que se está oferecendo a Deus, Ele aceitará, desde que seja feito com sinceridade e zelo. Este falso entendimento mostra que somos uma geração ignorante quanto a forma bíblica de cultuar a Deus. Não nos ocorre que Deus estabeleceu para o culto coisas que lhe agradam, e explicitou outras que não lhe agradam. Portanto, se quisermos que nosso culto seja aceitável precisamos submetê-lo a revelação divina. Se a Palavra de Deus aprovar, podemos ficar tranqüilos e perseverar em nossa atitude. No entanto, se ela desaprovar, humildemente devemos reconhecer diante de Deus o nosso erro e retornar ao princípio bíblico que Deus estabeleceu. Ele espera isso de todos nós.

Não podemos esquecer, que mesmo quando o verdadeiro Deus é adorado, podem existir problemas que tornam está adoração desagradável e mesmo inaceitável para Ele. Isto é o que podemos chamar de “cultuar de forma errada o Deus verdadeiro ou praticar o culto que não cultua a Deus”. Existem formas de culto que em vez de agradar a Deus o entristece: “as vossas solenidades, a minha alma aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer” (Is.1:14).

De acordo com Isaías 1:10-17, a maior queixa contra o povo é que este desobedecia continua e abertamente ao Senhor, mas continuava a lhe oferecer sacrifícios e ofertas, cultuando como se nada tivesse acontecido, como se fosse o povo mais santo da terra. Deus diz que aquilo era abominável (v.13), porque ele não podia “suportar a iniqüidade associada ao ajuntamento solene”. O povo vinha até a presença de Deus, cultuava mas não mudava de vida. Apresentava-se diante de Deus coberto de pecados e sem arrependimento, pensando, talvez, que bastava cumprir os rituais e tudo estaria resolvido. Esse povo aparentemente participava com animação de todos os trabalhos religiosos, fossem festas, convocações, solenidades etc. E ainda era um povo muito dado à oração. Uma oração altamente emotiva, pois eles “estendiam as mãos” e “multiplicavam as orações” (v.15). Mas Deus disse que em hipótese alguma ouviria, pois eram mãos contaminadas e , certamente, orações vazias. Eram hipócritas.

O culto hipócrita que foi denunciado era causado pelo apego a mera formalidade, aos ritos, sem correspondência interior. Por fora tudo estava correto, mas interiormente essas ações litúrgicas não eram expressões de um coração agradecido. Era por essa razão que aquele culto se tornava uma coisa abominável ao Senhor. Assim o Senhor condenou o povo de Israel pela boca do profeta Isaías, dizendo: “este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu...” (Is.29:13). Ou seja, o que está nos lábios é correto, mas as motivações do coração são erradas. No fundo, todas essas expressões hipócritas não passam de atos mecânicos. São invenções humanas que não se importam com a vontade de Deus. O resultado final, é que o formalismo, associado à corrupção doutrinária, produzira um tremendo desvio do Senhor e um afastamento do verdadeiro culto que devemos a Deus. Infelizmente, esse é o tipo de culto que temos atualmente em grande parte das igrejas cristãs, um culto mecânico que desonra Deus, pois, não demonstra amá-Lo de todo coração, de toda alma, com todas as forças e com todo entendimento (Lc.10:27). Com propriedade, podemos dizer que esse é um culto que não cultua a Deus. Jamais podemos nos esquecer que qualquer tipo de adoração não serve para Deus. Há maneiras corretas e outras erradas de se adorar a Deus. Convém aprender a maneira correta. Um culto oferecido a Deus de forma hipócrita, sem honrar a palavra, que perverte o uso dos elementos de culto, que é feito de forma mecânica, que não oferece o melhor ou que não vem acompanhado de uma vida santa, não pode agradar a Deus, NEM PODE SER CHAMADO DE UM CULTO QUE CULTUA A DEUS.

Deus não se agrada de tudo o que fazemos supostamente em seu nome, por isso devemos ser obedientes a Ele e descobrir o que realmente lhe agrada. Precisamos evitar procedimentos e costumes que inventamos, por melhores, mais atrativos e práticos que pareçam. Mas a questão final é: onde podemos descobrir a forma de culto que realmente agrada a Deus? A resposta é que esta forma de culto que cultua a Deus, esta na Sua Palavra. A Bíblia é nossa regra de fé e prática, somente nela podemos encontrar o ensino confiável para entendermos o que agrada a Deus. Se a desprezarmos e confiarmos em nossas técnicas modernas, certamente não estaremos honrando aquele que a inspirou e nos entregou para que fosse o meio pelo qual teríamos conhecimento dele. A Confissão de Fé de Westminster no Capítulo 21, parágrafo 1, diz: “...a maneira aceitável de se cultuar o Deus verdadeiro é aquela instituída por Ele mesmo, e que está bem delimitada por Sua própria vontade revelada, para que Deus não seja adorado de acordo com as imaginações e invenções humanas, nem com as sugestões de Satanás, nem por meio de qualquer representação visível ou qualquer outro modo não prescrito nas Sagradas Escrituras.”

Portanto, podemos concluir afirmando, sem medo de errar, que todas as práticas absurdas encontradas nos cultos dos nossos dias, tais como: orações em conjunto, grupos de oração, bandas, solos, duetos, quartetos, conjuntos, dirigentes, palmas, palmas para Jesus, apelos, danças, culto de jovens, culto de senhoras e crianças, gargalhadas santas, cair no espírito, cuspe santo, cânticos em línguas, urros, recitação de poesias, amarrar, desamarrar, representações teatrais, testemunhos pessoais, culto musicado(cantata), louvorzão, curas, libertações, interromper o culto para cumprimentar os irmãos ou visitantes, luzes coloridas...etc se originaram de pessoas que não se deixaram guiar pela Bíblia, mas antes foram atrás de seus próprios raciocínios e de sua própria vontade (praticam o culto da vontade, onde a adoração é uma questão de gosto e conveniência). Se quisermos agradar a Deus nunca podemos negligenciar a Bíblia. A Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17) e obedecê-la é o melhor culto que poderíamos oferecer ao Senhor.


Extraído de: www.monergismo.com.br

POR QUE LEVANTAR AS MÃOS?

Por Dr. Peter Masters


É alegado que o levantar das mãos na adoração é sancionado na Bíblia, e deveria, portanto, ter o seu lugar no culto hoje. Existem várias referências a isso nos Salmos, e uma no Novo Testamento. Por que Davi levantou suas mãos? O que sua ação significa? Quando ele o fez?

Lemos no Salmo 28.2: “Ouve a voz das minhas súplicas… quando levantar as minhas mãos para o teu santo oráculo”. Davi estava fora de Jerusalém, provavelmente correndo de Absalão. Como um ausente, ele levantou suas mãos para o lugar do sacrifício em Jerusalém. Fez isso para identificar-se com a oferta do sacrifício pelo sacerdote. Ele não poderia estar presente, mas indicou sua solidariedade com a oferta.

Em Salmos 63.4, ele diz: “… em teu nome levantarei as minhas mãos”. Ele estava no deserto de Judá, e novamente isolado do lugar de sacrifício. Anelava estar no santuário (versículo 2). No tempo do sacrifício, ele uma vez mais levantou suas mãos para identificar-se com a oferta noturna.

Em Salmos 141:2, ele é claro como cristal sobre a questão. Longe do Tabernáculo uma vez mais, ele pediu que sua oração subisse como incenso…‘… e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde’.

Quando longe do Tabernáculo, Davi se engajava nessa ação para expressar sua unidade com a oferta da tarde. Sua ação não era um ‘teatro’ devocional, mas tinha significado real.
Deveríamos fazer o mesmo? Certamente não, pois os sacrifícios já terminaram. Jesus Cristo cumpriu por nós todas as leis e símbolos sacrificiais. O sacrifício da tarde não é mais oferecido. E esse é o motivo de não encontramos no Novo Testamento qualquer instrução para levantar literalmente nossas mãos durante a adoração. Fazê-lo seria reviver a realização dos sacrifícios. Seria depreciar o grande sacrifício oferecido de uma vez por todas, a morte expiatória de Cristo.

Três outros salmos mencionam ações com as mãos, mas referem-se a outros assuntos. O Salmo 119:482 fala de levantar as mãos em obediência diária a Deus – assim como um trabalhador tomaria suas ferramentas. O Salmo 134:23 refere-se aos sacerdotes literalmente oferecendo sacrifícios. O Salmo 143:64 vê Davi figurativamente (não literalmente) estendendo suas mãos a Deus, como uma criança necessitada faz com sua mãe.

Quando Paulo (1 Timóteo 2:85) ordena que os cristãos orem ‘levantando mão santas’, ele indubitavelmente quer dizer isso figurativamente. Oferecer mãos limpas a Deus num sentido literal, como crianças pequenas mostrando aos seus pais que se lavaram, seria ridículo. Aqui as mãos representam nossas ações, e Paulo quer dizer que deveríamos lutar por santidade antes de orarmos.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1

Fonte: Revista Sword and Trowel.

O QUE É ADORAÇÃO?

Por William Shishko

“Indubitavelmente, o primeiro fundamento da justiça é a adoração a Deus” - (João Calvino)

Adoração é atribuir honra a alguém que é digno. O dever supremo daqueles feitos à imagem de Deus é “atribuir dignidade” àquele em quem vivemos, nos movemos e temos a nossa existência (Atos 17:28). A adoração cristã tem sido corretamente definida como “a atividade da nova vida de um crente na qual, reconhecendo a plenitude da Divindade como
revelada na pessoa de Jesus Cristo e seus poderosos atos redentores, busca pelo poder do Espírito Santo prestar ao Deus vivo a glória, honra e submissão que lhe é devida” (Robert Rayburn). “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (Apocalipse 5:12). Nossa adoração deve refletir a adoração do céu, na qual todos os que estão ao redor do trono de Deus dão-lhe glória. “O Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4:23).

A sua adoração pessoal, em sua família, e especialmente quando reunido como uma igreja deveria ser a experiência mais maravilhosa da sua vida. Deveria ser um antegozo de uma eternidade de adoração àquele que nos salvou e nos abençoou com imensuráveis bondades.


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Extraído de: www.monergismo.com.br

O CHAMADO À ADORAÇÃO

Por William Shishko

Jesus nos chama da adoração
das riquezas vãs do mundo
de cada ídolo que nos impediria,
dizendo, “cristão, ame-me mais” (Jesus Calls Us, estrofe 3)

O mundo nos chama às suas várias formas de adoração todos os dias. Anúncios nos chamam a gastar o nosso dinheiro (a adoração de Mamon). De várias formas, somos chamados a dar o nosso tempo aos esportes, televisão e outras diversões (a adoração do prazer). Podemos planejar as coisas de tal forma que nos tornamos o centro das nossas vidas (a adoração do eu). O chamado para adoração no culto do Dia do Senhor é designado para nos afastar de todas as outras adorações, para que nos foquemos no Deus vivo e verdadeiro. Quando você vai adorar no domingo pela manhã, você pode estar preocupado com alguma coisa no percurso de carro. Você pode se sentir estressado após levar as crianças ao banheiro, alimentá-las rapidamente, deixá-las na sala de escola bíblica, e subir (em tempo!) ao auditório. Você pode estar cansado de uma semana movimentada. Pode estar mal-humorado por inúmeras razões. O chamado à adoração convida você a colocar todas essas coisas de lado, e entrar solene e alegremente no alto privilégio da adoração. Deus mesmo, através do seu ministro, chama você a dar-lhe a glória que é devida ao seu nome. Ouça cuidadosamente as palavras do chamado à adoração:

“Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor” (Sl. 100:4).
“Adorai o SENHOR na beleza da santidade” (Sl. 29:2).
“Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque fez maravilhas” (Sl. 98:1).
“Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos” (Sl. 95:6).

Então, regozije-se no fato que seu Criador e Redentor te chamou para que você se una a outros no mais alto chamado para aqueles que foram criados à sua imagem e salvos por sua graça. “Exaltai ao SENHOR nosso Deus e adorai-o no seu monte santo, pois o SENHOR nosso Deus é santo” (Sl. 99:9).


Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Extraído de: www.monergismo.com.br

terça-feira, 20 de julho de 2010

O DEUS DA CRIAÇÃO

Texto: Genesis 1: 1-31

Introdução

- Gênesis é um nome tomado do grego; significa "o livro da geração ou das origens"; chama-se assim apropriadamente pois contém o relato da origem de todas as coisas. Ele foi escrito por Moises por volta de 1500 a. C. As evidência internas (profetas, Jesus e seus apóstolos) e externas (os costumes antigos), asseguram que Moises de fato foi quem escreveu Gênesis. A narração do Gênesis não foi, portanto, redigida em moldes científicos, talvez para melhor mostrar a sua inspiração divina. Com toda a certeza Moises fora inspirado pelo Espírito Santo e consequentemente todos os relatos sobre a criação foram dados a ele por Deus.
- Neste magnifico livro temos um dos ensinos de grande importancia para o cristianismo e todo o mundo, que o universo teve um inicio, não como afirma muitos cientistas e filósofos. O universo teve um inicio, isso todos sabemos, é um fato cientifico. A Segunda Lei da Termodinâmica afirma que "o total da energia utilizável no universo está diminuindo.
1. De acordo com esta lei, o universo está decaindo. Sua energia está sendo transformada em calor, que não é utilizável. Sendo assim, o universo não é eterno, porque, se o fosse, a sua energia utilizável já se teria esgotado há muito tempo. Ou, em outras palavras, se o universo está se desfazendo (tendo a sua energia degradada), então houve um tempo em que toda a energia foi feita. Se houvesse uma quantidade infinita de energia, ela não estaria decaindo no universo. Portanto, o universo teve um princípio, tal como Gênesis 1:1 diz.
- Nada neste universo apareceu sem causa. O universo teve um princípio, ou existe porque se criou a si mesmo, ou ele deve sua existência a alguma causa externa; ou acreditamos que tudo veio a existir através de uma grande explosão, ou acreditamos num ser que é maior do que tudo e trouxe tudo que vemos hoje a existência.
- As vezes fico (eu) a pensar, para se acreditar nesta teoria da evolução tem que ter muita fé mesmo, pois é uma teoria que vai de encontro com a própria razão. Como uma grande explosão (como dizem os defensores da teoria cientifica do Big-Bang) poderia causar tanta ordem no universo? A lógica é que uma explosão causa mais caos e não ordem.
Tese: A Bíblia indica que o universo teve sua origem em uma causa externa, que é Deus (Gn 1:1). As Escrituras põe Deus no centro, e seu capítulo primeiro não apresenta tanto uma doutrina sobre a criação, mas antes, a doutrina do Criador. Todas as coisas aqui aparecem em sua relação para com Deus e na dependência d’Ele. Diante disso podemos fazer quatro afirmações:

I. Em primeiro lugar,Deus criou o universo – v. 1
(a). Deus é causa de todas as coisas, pois por meio de sua palavra do nada fez tudo que existe – Hb. 11: 3
1. A palavra criar no hebraico “bara” originariamente significa cortar, separar, para indicar a ação divina de trazer à existência algo inteiramente novo, ou seja, a produção dum ser, completamente novo, que antes não existia.
i. Isso indica que Ele deu origem a tudo que existe, por que Ele é antes de todas as coisas – v. Cl. 1: 17
ii. Isso indica também que Ele é eterno, e sempre existiu. E este universo em que nós vivemos, é sua criação.
i. O Sl. 90: 2 afirma: “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”.
iii. Ele criou o universo e criou o tempo.
i. Dessa maneira, o tempo não tem existência por si só, mas sempre depende de Deus para continuar existindo, assim como foi criado pelo próprio Arquiteto do universo. Por esta razão afirmamos que o nosso Deus não está sujeito as próprias leis que criou.
ii. Este nosso mundo é caracterizado por suas limitações. Nós somos sujeitos ao esquema tempo e espaço. O tempo não impõe limites a Deus. O tempo não tem efeito sobre as perfeições, os propósitos ou promessas de Deus. O tempo não ensina nada a Deus, não acrescenta mais nada ao ser de Deus. Ele conhece todas as coisas passadas, presentes e futuras.
i. Esta é a razão pela qual eu posso afirmar sem nenhuma dúvida que DEUS EXISTE. Ele não teve princípio e nem fim e você e eu, um dia prestaremos contas a Ele dos nossos atos.
(b). Deus fez todas as coisas conforme o conselho da sua vontade (Ef. 1: 11), como lhe agrada (Sl.115:3), como lhe aprouve (Sl.135:6), sendo todos os seus atos livre como são, a manifestação do seu soberano poder e da sua infinita sabedoria (Pv. 3: 19; Rm. 11:33).
1. Jeremias 10: 12 diz: “O SENHOR fez a terra pelo seu poder; estabeleceu o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus.”
2. A Bíblia também declara que a criação é o resultado da vontade e do poder criador de Deus, revelando aspectos de sua grandeza:
a. “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o principio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis” – Rm. 1: 20
b. “todas as coisas tu criastes, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” – Ap. 4: 17
c. “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o universo veio a existir das coisas que não aparecem”. – Hb. 11: 3
3. A Bíblia ainda declara que a Deus não teve nenhuma necessidade de ter criado o mundo, pois ele é auto-suficiente, mas criou o mundo e os homens para o proposito de revelar no futuro a sua multiforme sabedoria – Ef. 3: 9-10
• A criação do universo e do homem são atos de graça espontânea e não exigências do ser de Deus.
1. Nosso valor e significado finais se encontram, desta forma, na glória de Deus (Ef. 1: 12).
a. “É para Deus, acima de tudo, que nascemos e não para nós mesmos” – João Calvino.
• Nós existimos por causa dele, para louvor da sua glória (Ef. 1: 6). O fim principal do homem é Glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Daí concluímos que, existimos para glorificá-lo e para nos alegrarmos nele. Ele nos criou para que nós tivéssemos prazer Nele.
o Quando compreendermos isso entenderemos o sentido da vida.
• O que precisa ficar esclarecido na nossa mente é que, embora os propósitos de Deus certamente tenham como alvo e busquem a sua glória, também visam o bem-estar eterno do homem.

II. Em segundo lugar,Deus revelou-se como o Deus Trino na criação – v. 2b, 3, 26.
(a). Temos aqui uma referencia a Santíssima Trindade.
1. O texto de gênesis diz que o “Espirito de Deus pairava sobre as águas” – v. 2
o A criação estava ainda a ser formada e o Espírito Santo estava lá.
 Está claro aqui que o Espirito Santo estava envolvido na criação dos céus e da terra.
 O Espírito de Deus dá vida a todos; quando ele retira seu Espírito, a vida cessa.
 È o Espírito Santo que produz vida no corações daqueles que estão mortos nos seus pecados e delitos.
 Foi o Espírito de Deus que enchou de habilidade, inteligencia e conhecimento e sabedoria muitas pessoas no A.T. – Ex. 28: 3; 35: 31
 Foi o Espírito Santo que gerou Jesus Cristo no ventre de Maria – Lc. 1: 35
 È o Espírito Santo que habita na igreja – 1Co. 3: 16; Ef. 2: 22
 È o Espírito Santo a terceira pessoa da Trindade Santissima. – 2Co. 13: 13
2. O texto de gênesis também afirma que foi pela palavra de Deus que trouxe tudo a existencia: “Disse Deus” – v. 3
o João nos diz que está palavra era Jesus que “no principio era o Verbo (palavra), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus..Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo. 1:1-3)
o Paulo assim com João afirma: “pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste” – Cl. 1: 16, 17.
 Esta claro aquiu também que o Filho estava envolvido no processo da criação, como a bendita palavra de Deus. V – 3
3. O texto de gênesis ainda faz mais uma afirmação em favor a doutrina da Trindade, quando diz no verso 26: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.
o Temos aqui nesta afirmação uma indicação da pluralidade dentro da unidade divina, aludindo à revelação posteiror do Novo testamento de Deus como Pai, Filho e Espirito Santo.
 O apóstolo João em sua carta diz: “Pois há três que dão testemnho (no céu: O Pai, a palavra, e o Espírito Sant; e estes três são um.” – 1Jo. 5: 7
 Por "Trindade" não queremos dizer que acreditamos em três deuses, pois para nós (cristãos) há somente um Deus (Is. 43: 10). Ao invés disso, queremos dizer que na Divindade há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
• Três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo, O Pai não é de ninguém - não é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho.
• O Pai é a fonte de todas as coisas (Rm. 11: 36). O Filho é Aquele através de quem as coisas são construídas (Hb. 1: 2). O Espírito Santo é Aquele através de quem todas as coisas alcançam o seu destino final (Ef. 1: 14; 2: 18; 4: 4).
• A doutrina da Trindade e o Cristianismo estão inseparavelmente unidos. A vida eterna está envolta neste conhecimento. Vejam o que diz João: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo. 17:3).
• Deus, pelo Seu Espírito, revelou o conhecimento através do qual, no poder do Espírito regenerador, uma pessoa é capaz de conhecer o Pai e o Filho: “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1Co. 2: 10).
Aplicação - Na Bíblia, Deus é chamado de justo e o Justificador de nossos pecados (Rm 3: 23-26), precisamente porque ele é mais do que uma pessoa. Por causa da pluralidade de pessoas, o Deus Triúno pode ser o Santo Juiz sem se comprometer, o Cordeiro sacrificial que morreu em meu lugar e o Espírito santificador que atua em mim. Por esta razão podemos declarar: Glória sempre seja dada ao Pai; Glória ao Filho e ao Santo Espírito. Um só Deus, supremo e redentor, Por todos os tempos sem fim. Amém.

III. Em terceiro lugar, Deus trouxe ordem ao que estava sem forma e vazio – v. 2-26
(a). Observe que, no princípio, nada desejável havia para ver, por que o mundo era sem forma e vazio. Mas Deus não criou a terra para ser um caos, mas para ser habitada – Is. 45:18
1. Isso indica que Deus é um Deus de ordem.
 Na criação é possível observar uma progressão ordenada do processo de cada novo dia: Luz, firmamentos, terra seca, luzeiros, vida marinha e aves, animais terrestre e o ser humano. Também é possível observarmos:
i. Obras de divisão: 1ª dia: luz; 2ª dia: ar e mar; 3ª dia: terra e plantas.
ii. Obras de adornos: 4ª dia: Sol, Lua, e Estrelas; 5ª dia: Alves e peixes; 6ª dia: animais e o ser humano
 Na criação é possível observar também diferenciação no ato da criação
i. O texto utiliza repetidas vezes o verbo separar, quando diz: “E separou a luz das trevas” (v. 4). A palavra hebraica usada aqui significa “fazer distinção entre”. A luz é distinta das trevas, a terra do mar, o dia da noite.
a. Na criação é possível ainda observar o conceito de prioridade – v. 16, 26
i. Gênesis um fala de governo e domínio. Há diferença de função, e algumas funções têm valor mais elevado ou maior prioridade.
o O maior para governar o dia, e o menor para governar a noite – v. 16
o Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre a terra e sobre todos os repteis que rastejam pela terra – v. 26
b. Na criação é possível observar diversidade
i. A vasta complexidade e as múltiplas formas de matéria inanimada e de vida são também reveladoras.
c. Em tudo que Deus criou encontramos coerência.
i. Por meio da alternância e da pulsação entre noite e dia e uma estação e outra, das divisões entre céu e terra a coerência de Deus é demonstrada claramente.
d. Na criação descobrimos prazer - “E Deus viu que tudo era bom”.
e. O primeiro capítulo de Gênesis repete esta frase, “e viu Deus que isso era bom”, cinco vezes (vv. 10, 12, 18, 21, 25), em adição ao resumo final no versículo 31.
i. Os atos criativos de Deus foram avaliados por Deus e achados como bons. Eles refletiam sua própria bondade e a correspondência entre seu plano, seus padrões de julgamento, sua palavra, e os resultados de sua Palavra, a criação.
ii. A criação foi totalmente boa porque era unicamente o produto da palavra soberana de Deus. Portanto, Deus imputou valor positivo à sua criação, pois a criou perfeita.
1. Tudo que você vê hoje infelizmente foi atingido pela queda. Mas quando Deus criou no inicio tudo era bom, no sentido de perfeição. Hoje a “criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou”....”a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” – Rm. 8: 20, 22
• Tudo que provém de Deus é bom. Os Seus decretos, a Sua criação, as Suas leis, as Suas providências. A bondade de Deus é manifestada em primeiro lugar na criação.
• Neste verso de Gênesis aprendemos que a preocupação principal do nosso Deus é com a sua gloria, “viu que tudo que ele fez era bom”. Deus aqui está louvando a Si mesmo!
• Do início ao fim a força motivadora do coração divino sempre foi ser honrado e glorificado. Da criação à consumação, sua determinação última era a si mesmo. Seu propósito contínuo em tudo o que faz é para exaltar a honra de seu nome e ser admirado por sua graça e poder. Ele é infinitamente zeloso por sua reputação. “Por amor de mim, por amor de mim o faço”, diz o Senhor. “Minha glória não darei a outro!”.
• Não é o homem que é o centro do universo, é Deus!
a. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” - Rm 11: 36
Aplicação - Descobrimos aqui um Ser em quem podemos confiar, porque Ele de fato é coerente, pois criou o mundo para ser estável e equilibrado dentro de uma ordem. Descobrimos um Deus que sabe valorizar as coisas e por isso sempre escolhe fazer o que é, sob todos os aspectos, bom.
• Deus criou os seres humanos para a Sua glória. O alvo principal do ser humano é conhecer a Deus e glorificá-Lo. A glória de Deus deve ter prioridade sobre qualquer coisa que queiramos realizar. A Bíblia diz: “quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. (1Co. 10:31). Deus nos criou para reconhecer o Seu poder e majestade e viver à luz da Sua glória. Você não é independente em si mesmo, você é dependente de Deus.

IV. Em quarto lugar, Deus demonstrou que criou todas as coisas com propósito e amor – 26b-27
(a). Ele projetou o mundo com o propósito de presenteá-lo á mais sublime de suas criaturas: o ser humano, a coroa da sua criação.
1. A criação do homem foi o apogeu (clímax) da obra criadora de Deus.
a. A todas as outras coisas que foram criadas Deus disse: “Haja, povoem-se, produza, mas ao homem Ele disse: “façamos”
i. Esse verbo indica a obra grandiosa pela qual Deus estava para realizar.
ii. Esse verbo indica que o ser que Deus estava para criar era especial, diferente das outras coisas que foram criadas.
1. Ele criou o ser humano a sua imagem e semelhança
a. Imagem e semelhança significa que Deus criou o homem como um ser pessoal.
i. Deus é pessoal, e o homem feito a imagem dispõe dessa mesma personalidade.
ii. A personalidade indica que o homem é um ser dotado de consciência, conhecimento e responsabilidade.
b. Imagem e semelhança significa que Deus dotou o homem de espiritualidade.
i. O homem é extra-material, pois tem em si o elemento espiritual, que o impele a viver uma vida além da matéria.
ii. Quando Deus fez o homem à sua imagem, colocou nele um senso insuperável da eternidade – (Ec. 3: 11).
iii. A imagem de Deus nos faz pessoas espirituais capazes de se relacionar e se comunicar com Deus.
c. Imagem e semelhança também significa que Deus dotou o homem de liberdade.
i. Como um Ser pessoal e espiritual Deus é um Ser livre. Deus criou o homem para amar, conhecer, confiar desejar, obedecer, e também para ser recusar a fazer coisas.
ii. O que devemos salientar aqui, é que o homem como criatura é dependente de Deus. Está debaixo da direção de Deus. E como pessoa Deus lhe concedeu uma certa liberdade para agir e tem toda a responsabilidade por seus atos. Nós chamamos esta liberdade de livre agência e não de livre-arbítrio (por ser uma palavra inexistente na Bíblia).
1. O homem em hipótese alguma é livre de Deus e do seu controle.
a. Deus exerce controle constante e absoluto sobre todos os pensamentos e as ações dos homens, a conclusão necessária é que o ser humano não possui livre-arbítrio. Sua liberdade é zero em ralação a Deus.
2. O homem é livre num sentido relativo, ou livre em relação a outros seres e coisas (pessoas, objetos, forças etc) e não a Deus.
d. Imagem e semelhança ainda significa que Deus concedeu ao homem expressividade.
i. Deus tem a capacidade de se expressar, de fazer sua vontade conhecida e executá-la. A Bíblia diz que Deus tem olhos, nariz, boca, ouvidos, mãos cabelo, etc. Evidentemente que essa é uma linguagem figurada (antropomórfica – qualidade humanas aplicadas à divindade) para sugerir que ele consegue se expressar.
ii. O ser humano se expressa igualmente por meio de partes de seu corpo, e pode transmitir sua personalidade, espiritualidade, e virtudes.
iii. Este ser humano também fora criado para ser imitador do seu Criador. De que forma?
1. Dominando. Dominar é algo próprio de Deus, mas o homem que foi criado à imagem divina também tinha a função de dominar, numa clara imitação a Deus. Observem que uma das primeiras funções do homem foi dar nome aos animais (2: 19-20). Deus com isso estava estimulando a criatividade do ser humano. Deus queria que o homem fosse seu imitador, mas é claro com qualidade próprias.

Aplicação – Aqui temos o homem criatura finita, saído da mão criadora de Deus, e que anda pela terra. E apesar disso, este ser, tão insignificante como possa parecer à primeira vista, foi criado como a coroa da criação de Deus. Fora criado com inteligência, liberdade, expressividade, e é capaz de desfrutar uma relação pessoal com o Deus infinito, eterno e amoroso.

Conclusão
Concluímos que, essa grande verdade (Que Deus criou o universo) destrona a teoria da evolução, pois mostra a dignidade do ser humano. A teoria da evolução, da macro-evolução por sua vez, coloca a vida como sendo um acidente cósmico, e nós seres humanos, não passaríamos de “amebas” superdesenvolvidas. Para os defensores dessa teoria nada foi criado com um propósito, pois segundo eles as criaturas surgiram do acaso. Dessa forma a vida não tem nenhum sentido. Em lugar disso afirmamos que com toda a certeza e convicção, que verdadeiramente fomos criados pelas mãos do Supremo Criador, e aqui estamos para servi-lo e o adorá-lo para todo o sempre.


Pregação ministrada na Igreja Presbiteriana de Picuí, pelo Rev. Edvaldo Miranda

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Autor: Arthur W. Pink

"De fato sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb. 11:6)"... mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé, naqueles que a ouviram" (Hb. 4:2).

A conexão entre estes dois versículos nos mostra como é vã toda a atividade religiosa onde não há fé. A atividade exterior deve ser realizada correta e diligentemente, mas a menos que a fé esteja em operação, Deus não é honrado e a alma não é edificada. A fé abre o coração para Deus, e fé é o que se recebe de Deus; não uma mera aceitação do que é revelado em Sua Palavra, mas um princípio sobrenatural de graça que existe no Deus das Escrituras. Isso o homem natural, não importa o quanto religioso ou ortodoxo ele seja, não tem e nenhum de seus esforços, nem atos da sua vontade , podem adquirir. É um dom supremo de Deus.

A fé deve operar em todas as atividades do cristão, se Deus há de ser glorificado e ele edificado. Primeiro, na leitura da palavra: "Estes, porém, foram registrados para que creiais" (Jo. 20:31). Segundo, no ouvir da pregação dos servos de Deus: "A pregação da fé" (Gl. 3:2). Terceiro, na oração: "Peça-a porém com fé, em nada duvidando" (Tg. 1:6). Quarto, na nossa vida diária: "Visto que andamos por fé, e não pelo que vemos" (2Co. 5:7) e "esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no filho de Deus" (Gl. 2:20). Quinto, em nossa partida deste mundo: "Todos estes morreram na fé" (Hb. 11:13).

O que o fôlego é para o corpo, a fé é para a alma, pois alguém que sem fé busca realizar ações espirituais, é como se colocasse uma mola em um boneco de madeira, fazendo-o mover-se mecanicamente.

Um professo não-regenerado pode ler as Escrituras e ainda assim não ter qualquer fé espiritual. Assim como o hindu devoto lê atentamente o Upanishad e o muçulmano o seu Alcorão, muitos países "cristãos" adotam o estudo da Bíblia e mesmo assim não tem mais da vida de Deus em suas almas do que têm os seus irmãos pagãos. Milhares nesta terra lêem a Bíblia, crêem na sua autoria divina e se tornam mais ou menos familiarizados com o seu conteúdo. Um mero professo pode ler vários capítulos diariamente e mesmo assim nunca compreender um único versículo. Mas a fé aplica a Palavra de Deus: ela proclama Suas terríveis ameaças e tremores diante deles; ela proclama Seus solenes avisos, e procura alertá-los; ela proclama Seus preceitos e clama a Ele por graça para andar neles.

Acontece o mesmo no ouvir da Palavra pregada. Um professo carnal se orgulhará de ter comparecido a esta ou aquela conferência, de ter ouvido aquele famoso professor e aquele renomado pregador e ter tido tanto proveito para a sua alma, quanto se nunca tivesse ouvido qualquer um deles. Ele pode ouvir dois sermões todo domingo e depois de cinqüenta anos ser tão morto espiritualmente como o é hoje. Mas o homem regenerado compreende a mensagem e avalia a si mesmo pelo que ouve. Ele é muitas vezes convencido dos seus pecados e os lamenta. Ele testa a si mesmo pelo padrão de Deus e se sente tão longe de ser aquilo que deveria, que sinceramente duvida da sinceridade da sua própria profissão (de fé). A palavra o corta em pedaços , como uma espada de dois gumes e o faz clamar: "desventurado homem que sou!".

Na oração, o mero professo muitas vezes faz o crente humilde envergonhar-se de si mesmo. O religioso carnal, que tem o "dom da palavra", nunca se perde com elas; frases fluem de seus lábios tão prontamente como águas de um riacho murmurante; versículos das Escrituras parecem correr através da sua mente tão livremente como pó passa pela peneira, ao passo que o pobre e oprimido filho de Deus é muitas vezes incapaz de fazer algo mais do que clamar: "Ó Deus sê propício a mim pecador!". Ah, meus amigos, nós precisamos distinguir nitidamente entre a aptidão natural em fazer "boas" orações e o espírito de súplica verdadeira: um consiste meramente de palavras, o outro de "gemidos inexprimíveis"; um é adquirido por educação religiosa, o outro é implantado na alma pelo Espírito Santo.

Assim é também em assuntos sobre as coisas de Deus. O professo fútil pode conversar loquazmente e muitas vezes, de modo ortodoxo, de "doutrinas", sim, e de coisas terrenas também. De acordo com a sua disposição, ou dependendo da sua audiência, assim é o seu tema. Mas o filho de Deus, embora sendo pronto para ouvir o que é para a edificação, é "tardio para falar". Oh meu leitor, cuidado com pessoas que falam muito; um tambor faz bastante barulho, mas é vazio por dentro! "Muitos proclamam a sua própria benignidade, mais o homem fidedigno quem o achará?" (Pv. 20:6). Quando um santo de Deus abre os seus lábios para falar de assuntos espirituais, é para dizer o que o Senhor, em Sua infinita misericórdia, tem feito por ele; mas o religioso carnal está ansioso para que os outros saibam o que ele tem feito pelo Senhor.

A diferença é evidente da mesma forma, entre o crente genuíno e o crente nominal, com relação à vida diária: conquanto este último possa parecer exteriormente justo, ainda assim por dentro está "cheio de hipocrisia e iniquidade"(Mt. 23:28). Eles colocarão a pele de uma verdadeira ovelha, mas na realidade são lobos em pele de ovelhas. Mas os filhos de Deus têm a natureza da ovelha, e aprendem dAquele que é "manso e humilde de coração" e, como eleitos de Deus, se revestem de "ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade" (Cl. 3:12). Eles são em secreto o que são em público. Eles adoram a Deus em espírito e em verdade.

Também é assim no fim de suas vidas. Um professo vazio pode morrer tão fácil e tranqüilamente como viveu - abandonado pelo Espírito Santo e não perturbado pelo diabo; como diz o salmista: "para ele não há preocupações" (Sl. 73:4). Mas isso é muito diferente do fim daquele cuja consciência, profundamente sulcada e reconhecidamente corrompida, foi aspergida com o precioso sangue de Cristo: "Observa o homem íntegro, e contempla o justo; porquanto o fim daquele homem é de paz" (Sl. 37:37) - sim, uma paz que "excede todo o entendimento". Tendo vivido a vida do justo, ele morre "a morte do justo" (Nm". 23:10).

E o que é que distingue um caráter do outro? onde está a diferença entre o crente genuíno e o que o é apenas no nome? Nisso: em uma fé dada por Deus e implantada no coração pelo Espírito. Não um mero concordar intelectual com a Verdade, mas um vivo, espiritual e vital princípio no coração - uma fé que "purifica o coração "(At. 15:9), que "atua pelo amor" (Gl. 5:6), que "vence o mundo" (1Jo. 5:4). Sim, uma fé que é divinamente mantida em meio a provações por dentro e oposições por fora; uma fé que exclama "ainda que Ele me mate, nEle confiarei" (Jó 13:15).

É bem verdade que essa fé não está sempre em atuação, nem é igualmente forte em todo o tempo. O beneficiário dela deve ser ensinado por dolorosa experiência que da mesma forma como ele não a criou, ele também não pode comandá-la; por essa razão ele se volta para o seu Autor e diz: "Senhor eu creio, ajuda-me com a minha falta de fé". E é assim para que quando ler a Palavra ele seja capaz de apossar-se das suas preciosas promessas; quando prostrar-se diante do trono da graça, ele seja capaz de lançar o seu fardo sobre o Senhor; que quando ele levantar-se para seus deveres temporais, seja capaz de apoiar-se nos braços eternos; e quando ele for chamado a passar pelo vale da sombra da morte, clame triunfantemente: "não temerei mal nenhum, porque Tu estás comigo". "Senhor aumenta-nos a fé".


Tradução: Ronaldo Pernambuco

quinta-feira, 15 de julho de 2010

CARTA À BISPA EVÔNIA*

por Augustus Nicodemus

*Nota – é mais uma carta ficticia, gênero que uso como maneira de tornar as minhas idéias mais interessantes para o leitor. Minha esposa não tem (ainda) nenhuma amiga que virou bispa.]

Minha cara Evônia,

Minha esposa me falou do encontro casual que vocês duas tiveram no shopping semana passada. Ela estava muito feliz em rever você e relembrar os tempos do ginásio e da igreja que vocês frequentavam. Aí ela me contou que você foi consagrada pastora e depois bispa desta outra denominação que você tinha começado a frequentar.

Ela também me mostrou os e-mails que vocês trocaram sobre este assunto, em que você tenta justificar o fato de ser uma pastora e bispa, já que minha esposa tinha estranhado isto na conversa que vocês tiveram. Ela me pediu para ler e comentar seus argumentos e contra-argumentos. Não pretendo ofendê-la de maneira nenhuma – nem mesmo conheço você pessoalmente. Mas faço estes comentários para ver se de alguma forma posso ser útil na sua reflexão sobre o ter aceitado o cargo de pastora e de bispa.

Acho, para começar, que você ser bispa vem de uma atitude de sua comunidade para com as Escrituras, que equivale a considerá-la condicionada à visão patriarcal e machista da época. Ou seja, ela é nossa regra, mas não para todas as coisas. Ao rejeitar o ensinamento da Bíblia sobre liderança, adota-se outro parâmetro, que geralmente é o pensamento e o espírito da época.

E é claro, Evônia, que na nossa cultura a mulher – especialmente as inteligentes e dedicadas como você – ocupa todas as posições de liderança disponíveis, desde CEO de empresas a presidência da República – se a Dilma ganhar. Portanto, sem o ensinamento bíblico como âncora, nada mais natural que as igrejas também coloquem em sua liderança presbíteras, pastoras, bispas e apóstolas.

Mas, a pergunta que você tem que fazer, Evônia, é o que a Bíblia ensina sobre mulheres assumirem a liderança da igreja e se este ensino se aplica aos nossos dias. Não escondo a minha opinião. Para mim, a liderança da igreja foi entregue pelo Senhor Jesus e por seus apóstolos a homens cristãos qualificados. E este padrão, claramente encontrado na Bíblia, vale como norma para nossos dias, pois se baseia em princípios teológicos e não culturais. Reflita no seguinte.

1. Embora mulheres tenham sido juízas e profetisas (Jz 4.4; 2Re 22.14) em Israel nunca foram ungidas, consagradas e ordenadas como sacerdotisas, para cuidar do serviço sagrado, das coisas de Deus, conduzir o culto no templo e ensinar o povo de Deus, que eram as funções do sacerdote (Ml 2.7). Encontramos profetisas no Novo Testamento, como as filhas de Felipe (At 21.9; 1Co 11.5), mas não encontramos sacerdotisas, isto é, presbíteras, pastoras, bispas, apóstolas. Apelar à Débora e Hulda, como você fez em seu e-mail, prova somente que Deus pode usar mulheres para falar ao seu povo. Não prova que elas tenham que ser ordenadas.

2. Você disse à minha esposa que Jesus não escolheu mulheres para apóstolas porque ele não queria escandalizar a sociedade machista de sua época. Será, Evônia? O Senhor Jesus rompeu com vários paradigmas culturais de sua época. Ele falou com mulheres (Jo 8.10-11), inclusive com samaritanas (Jo 4.7), quebrou o sábado (Jo 5.18), as leis da dieta religiosa dos judeus (Mt 7.2), relacionou-se com gentios (Mt 4.15). Se ele achasse que era a coisa certa a fazer, certamente teria escolhido mulheres para constar entre os doze apóstolos que nomeou. Mas, não o fez, apesar de ter em sua companhia mulheres que o seguiam e serviam, como Maria Madalena, Marta e Maria sua irmã (Lc 8.1-2).

3. Por falar nisto, lembre também que os apóstolos, por sua vez, quando tiveram a chance de incluir uma mulher no círculo apostólico em lugar de Judas, escolheram um homem, Matias (At 1.26), mesmo que houvesse mulheres proeminentes na assembléia, como a própria Maria, mãe de Jesus (At 1.14-15) – que escolha mais lógica do que ela? E mais tarde, quando resolveram criar um grupo que cuidasse das viúvas da igreja, determinaram que fossem escolhidos sete homens, quando o natural e cultural seria supor que as viúvas seriam mais bem atendidas por outras mulheres (Atos 6.1-7).

4. Tem mais. Nas instruções que deram às igrejas sobre presbíteros e diáconos, os apóstolos determinaram que eles deveriam ser marido de uma só mulher e deveriam governar bem a casa deles – obviamente eles tinham em mente homens cristãos (1Tm 3.2,12; Tt 1.6) e não mulheres, ainda que capazes, piedosas e dedicadas, como você. E mesmo que reconhecessem o importante e crucial papel da mulher cristã no bom andamento das igrejas, não as colocaram na liderança das comunidades, proibindo que elas ensinassem com a autoridade que era própria do homem (1Tm 2.12), que participassem na inquirição dos profetas, o que poderia levar à aparência de que estavam exercendo autoridade sobre o homem (1Co 14.29-35). Eles também estabeleceram que o homem é o cabeça da mulher (1Co 11.3; Ef 5.23), uma analogia que claramente atribui ao homem o papel de liderança.

5. Você retrucou à minha esposa na troca de e-mails que nenhuma destas passagens se aplica hoje, pois são culturais. Mas, será, Evônia, que estas orientações foram resultado da influência da cultura patriarcalista e machista daquela época nos autores bíblicos? Tomemos Paulo, por exemplo. Será que ele era mesmo um machista, que tinha problemas com as mulheres e suspeitava que elas viviam constantemente tramando para assumir a liderança das igrejas que ele fundou, como você argumentou? Será que um machista deste tipo diria que as mulheres têm direito ao seu próprio marido, que elas têm direitos sexuais iguais ao homem, bem como o direito de separar-se quando o marido resolve abandoná-la? (1Co 7.2-4,15) Um machista determinaria que os homens deveriam amar a própria esposa como amavam a si mesmos? (Ef 5.28,33). Um machista se referiria a uma mulher admitindo que ela tinha sido sua protetora, como Paulo o faz com Febe (Rm 16.1-2)?

6. Agora, se Paulo foi realmente influenciado pela cultura de sua época ao proibir as mulheres de assumir a liderança das igrejas, o que me impede de pensar que a mesma coisa aconteceu quando ele ensinou, por exemplo, que o homossexualismo é uma distorção da natureza acarretada pelo abandono de Deus (Rm 1.24-28) e que os sodomitas e efeminados não herdarão o Reino de Deus (1Co 6.9-11)? Você defende também, Evônia, que estas passagens são culturais e que se Paulo vivesse hoje teria outra opinião sobre a homossexualidade? Pergunto isto pois em outras igrejas este argumento está sendo usado.

7. Tem mais, se você ainda tiver um tempinho para me ouvir. As alegações apostólicas não me soam culturais. Paulo argumenta que o homem é o cabeça da mulher a partir de um encadeamento hierárquico que tem início em Deus Pai, descendo pelo Filho, pelo homem e chegando até a mulher (1Co 11.3).[1] Este argumento me parece bem teológico, como aquele que faz uma analogia entre marido e mulher e Cristo e a igreja, “o marido é o cabeça da mulher como Cristo é o cabeça da igreja” (Ef 5.23). Não consigo imaginar uma analogia mais teológica do que esta para estabelecer a liderança masculina. E quando Paulo restringe a participação da mulher no ensino autoritativo –que é próprio do homem – argumenta a partir do relato da criação e da queda (1Tm 2.12-14).[2]

8. Você já deve ter percebido que para legitimar sua posição como bispa você teve que dar um jeito neste padrão de liderança exclusiva masculina que é claramente ensinado na Bíblia e na ausência de evidências de que mulheres assumiram esta liderança. Não tem como aceitar ser bispa e ao mesmo tempo manter que a Bíblia toda é a Palavra de Deus para nossos dias. E foi assim que você adotou esta postura de dizer que a liderança exclusiva masculina é resultado da cosmovisão patriarcal e machista dos autores do Antigo e Novo Testamentos, e que portanto não pode ser mais usada em nossos dias, quando os tempos mudaram, e as mulheres se emanciparam e passaram a assumir a liderança em todas as áreas da vida. Em outras palavras, como você mesmo confirmou em seu e-mail, a Bíblia é para você um livro culturalmente condicionado e só devemos aplicar dele aquelas partes que estão em harmonia e consenso com nossa própria cultura. Eu sei que você não disse isto com estas exatas palavras, mas a impressão que fica é que você considera a Bíblia como retrógrada e ultrapassada e que o modelo de liderança que ela ensina não serve de paradigma para a liderança moderna da Igreja de Cristo.

Quando se chega a este nível, então, para mim, a porta está aberta para a entrada de qualquer coisa que seja aceitável em nossa cultura, mesmo que seja condenada nas Escrituras. Como você poderá, como bispa, responder biblicamente aos jovens de sua igreja que disserem que o casamento está ultrapassado e que sexo antes do casamento é normal e mesmo o relacionamento homossexual? Como você vai orientar biblicamente aquele casal que acha normal terem casos fora do casamento, desde que estejam de acordo entre eles, e que acham que adultério é alguma coisa do passado?

Sabe Evônia, você e a sua comunidade não estão sozinhas nessa distorção. Na realidade esse pensamento é também popularizado por seminários de denominações tradicionais e professores de Bíblia que passaram a questionar a infalibilidade das Escrituras, utilizando o método histórico crítico, ensinando em sala de aula que Paulo e os demais autores do Novo Testamento foram influenciados pela visão patriarcal e machista do mundo da época deles. Só podia dar nisso... na hora que os pastores, presbíteros e as próprias igrejas relativizam o ensino das Escrituras, considerando-o preso ao séc. I e irremediavelmente condicionado à visão de mundo antiga, a igreja perde o referencial, o parâmetro, o norte, o prumo – e como ninguém vive sem estas coisas, elege a cultura como guia.

Termino reiterando meu apreço e respeito por você como mulher cristã e pedindo desculpas se não posso me dirigir a você, em nossa correspondência pessoal, como “bispa” Evônia. Espero que meus motivos tenham ficado claros.

Um abraço,

Augustus

NOTAS

[1] Esse encadeamento hierárquico se refere à economia da Trindade e trata das diferentes funções assumidas pelas Pessoas da Trindade na salvação do homem. Ontologicamente, Pai, Filho e Espírito Santo são iguais em honra, glória, poder, majestade, como afirmam nossas confissões reformadas.

[2] Veja minha interpretação desta passagem e de outras no artigo da Fides Reformata “Ordenação Feminina”.

Extraido de: tempora-mores.blogspot.com

terça-feira, 13 de julho de 2010

O QUE É HUMILDADE?

por John Piper

Em 1908, o escritor inglês G. K. Chesterton descreveu o embrião da cultura que hoje chamamos de pós-modernismo. Este já é um termo desgastado. Algum dia, os leitores o pesquisarão em um livro de História. Uma das características de seu “relativismo vulgar” (conforme o chama Michael Novak) é o erro grave de tomar a palavra arrogância para referir-se à convicção e humildade para referir-se à dúvida. Chesterton viu a chegada do pós-modernismo:

O que sofremos hoje é de humildade no lugar errado. A modéstia se afastou do setor da ambição e se estabeleceu na área das convicções, o que nunca deveria ter acontecido. Um homem devia mostrar-se duvidoso a respeito de si mesmo, mas não a respeito da verdade; isto foi invertido completamente. Hoje, aquilo no qual o homem confia é exatamente aquilo em que ele não deveria confiar — nele mesmo. Aquilo que ele duvida é exatamente o que ele não deveria duvidar — a razão divina... O cético moderno propõe ser tão humilde que duvida se pode aprender... Existe uma humildade característica de nossa época; acontece, porém, que ela é uma humildade mais venenosa do que as mais severas prostrações dos ascéticos... A velha humildade fazia que o homem duvidasse de seus esforços, e isto, por sua vez, o levaria a trabalhar com mais empenho. Mas a nova humildade torna o homem duvidoso a respeito de seus alvos; e isto o faz parar de trabalhar completamente... Estamos a caminho de produzir uma raça de homens tão mentalmente modestos que serão incapazes de acreditar na tabuada de multiplicação.

Vemos isso, por exemplo, no ressentimento para com os crentes que expressam a convicção de que os judeus (como as outras pessoas) precisam crer em Jesus, para serem salvos. A reação mais comum a esta convicção é que os crentes são arrogantes. A humildade contemporânea está firmemente arraigada no relativismo que evita conhecer a verdade e especificar o erro. Mas isto não é o que a humildade costumava significar.

Se a humildade não é aquiescência às exigências populares do relativismo, então, o que é humildade? Isto é importante, pois a Bíblia diz: “Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça” (1 Pe 5.5); e: “Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado” (Lc 14.11). A humildade, portanto, é sobremodo importante. Deus nos diz pelo menos cinco coisas a respeito da humildade:

1. A humildade começa com um senso de submissão a Deus, em Cristo. “O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo, acima do seu senhor” (Mt 10.24). “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus” (1 Pe 5.6).

2. A humildade não sente que tem o direito de receber melhor tratamento do que o tratamento dado a Jesus. “Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?” (Mt 10.25.) Por conseguinte, a humildade não paga o mal com o mal. Não é uma vida baseada nos direitos percebidos. “Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos... quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pe 2.21-23).

3. A humildade afirma a verdade não para apoiar o “eu” com o domínio e triunfos dos debates, mas como um serviço prestado a Cristo e expressão de amor para com o adversário. O amor “regozija-se com a verdade” (1 Co 13.6). “O que vos digo às escuras... Não temais” (Mt 10.27,28). “Não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus” (2 Co 4.5).

4. A humildade sabe que depende da graça de Deus para conhecer e crer. “Que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (1 Co 4.7.) “Acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma” (Tg 1.21).

5. A humildade sabe que é falível; por isso, reflete sobre o criticismo e aprende dele. Mas também sabe que Deus fez provisão para a convicção humana e nos convoca a persuadir os outros.

Agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido (1 Co 13.12).

O sábio dá ouvidos aos conselhos (Pv 12.15).

Conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens (2 Co 5.11).


Extraído do livro: Penetrado pela Palavra, de John Piper.
Copyright: © Editora FIEL 2009
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

sábado, 10 de julho de 2010

INTIMADOS

por Vincent Cheung

Romanos 8:29-30 nos diz que àqueles a quem Deus escolheu para salvação, ele também tem dado um propósito, a saber, se conformarem à semelhança de seu Filho. E àqueles a quem ele tem dado tal propósito, ele também envia um chamado para eles no devido tempo, para que eles possam vir a Cristo. Assim, a passagem diz: “E aos que predestinou, também chamou” (v. 30).
Lembre-se que todos que estão inclusos numa fase da aplicação, também entram na fase seguinte. Todos a quem Deus elegeu, ele também predestinou, e todos a quem Deus predestinou, ele também chama a Cristo. Mas o versículo 30 continua e diz: “Aos que chamou, também justificou”. Assim, todos a quem Deus chama alcançarão a justificação. E visto que a justificação é pela fé em Cristo, todos a quem Deus chama crerão em Cristo e serão justificados. Portanto, o chamado de Deus para com o eleito é obrigatoriamente eficaz, e assim, os teólogos chamam esse ato de Deus de um CHAMADO EFICAZ.

Visto que chamado eficaz é um chamado cujo resultado está garantido, ele não é como um “convite” que o eleito pode aceitar ou rejeitar. Antes, ele é mais parecido com o que queremos dizer pelo verbo “intimar”. Ao chamar seus eleitos, Deus não meramente os convida a fazer algo, mas o próprio Deus faz algo neles. Sinclair Ferguson escreve: “Aquele que os chama cria neles a capacidade para responder, de forma que no próprio ato de chamar ele os traz a uma nova vida”. [34] Assim, aqueles a quem Deus escolheu e predestinou na eternidade, ele também intima para vir a Cristo no tempo histórico.

Deus intima o eleito usualmente através da pregação do evangelho. Agora, os cristãos não aprendem primeiramente a identificar os eleitos, e então prosseguem a pregar o evangelho somente a eles. Antes, eles pregam o evangelho “a toda criação" e “quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Marcos 16:15-16). Portanto, quer na forma de oração pública, conversa privada, literatura escrita, ou outros meios, a pregação ou apresentação do evangelho é direcionada tanto aos eleitos como aos não-eleitos. O eleito chegará à fé; o não-eleito ou rejeitará o evangelho, ou produzirá uma profissão de fé temporária e falsa.

Por causa disso, os teólogos distinguem entre o CHAMADO EXTERNO e o CHAMADO INTERNO. O chamado externo refere-se à pregação do evangelho pelos seres humanos, e é apresentado tanto aos eleitos com aos não eleitos. Por outro lado, o chamado interno ou eficaz é uma obra de Deus que acompanha o chamado externo para fazer com que o eleito chegue à fé em Cristo. A pregação do evangelho se mostra a todos como um chamado externo, mas ela vem também como uma intimação interna aos eleitos. O chamado externo é produzido pelos seres humanos, mas o chamado interno é uma obra somente de Deus e ocorre somente nos eleitos. O chamado interno é usualmente concomitante com o chamado externo. Em outras palavras, muitas pessoas podem ouvir o evangelho numa determinada situação, mas Deus faz com que somente os eleitos creiam no que é pregado, enquanto que ele endurece os não-eleitos contra o mesmo.

Mateus 22:14 diz: “Pois muitos são convidados, mas poucos são escolhidos” (NIV). A palavra “convidados” nesse versículo pode ser traduzida como “chamados”, como em muitas outras traduções. Muitos são de fato “convidados” no fato deles ouvirem o chamado externo do evangelho, mas somente uns poucos estão entre os eleitos de Deus, e, portanto, as profissões de fé genuínas e permanentes vêm do último grupo.

(Teologia Sistemática, páginas 187-188)


NOTAS:
[34] - Sinclair B. Ferguson, The Christian Life: A Doctrinal Introduction; Carlisle, Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1997 (original: 1981); p. 34.

Extraido de: www.monergismo.com.br

DEIXAR DEUS AGIR?

Deus não precisa pedir licença ao homem para agir dentro dele. Essa é uma obra divina que não deixa o homem ser autônomo nem independente. Infelizmente, mesmo em meios evangélicos, há aqueles que insistem no fato de o homem deixar Deus agir em sua vida, nas mais variadas áreas. Deus tem que ter a licença humana para poder trabalhar na sua criatura. Essa teologia fica expressa em vários hinos e cânticos que nossas igrejas cantam. Essas igrejas são educadas na fé pelas músicas que cantam e, muitas vezes, as que prevalecem são as que ensinam coisas erradas. E uma das coisas erradas é a de que Deus age com a condição de nós o deixarmos agir. - “opera em nós tanto o querer como o realizar” (Fp 2.13). (Heber Campos)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

REGENERADOS

por Vincent Cheung

Nós podemos definir a natureza pecaminosa do homem como uma forte disposição da mente para o mal (Colossenses 1:21; Romanos 8:5-7). REGENERAÇÃO é uma obra de Deus na qual ele muda tal disposição má numa que se deleita nas leis e nos preceitos de Deus (Ezequiel 11:19-20, 36:26-27), e isso resulta no que significa uma ressurreição espiritual. Regeneração é uma transformação drástica e permanente no nível mais profundo da personalidade e intelecto de alguém, que podemos chamar de uma RECONSTRUÇÃO RADICAL. [35] Os compromissos mais básicos do indivíduo são voltados de objetos e princípios abomináveis, que ele uma vez serviu, para Deus. Essa mudança no primeiro princípio de pensamento e conduta de uma pessoa gera um efeito replicante que transforma o espectro inteiro de sua cosmovisão e estilo de vida.

Regeneração, ou ser “nascido de novo”, ocorre em conjunção com o chamado eficaz de Deus para com os seus eleitos (1 Pedro 1:23; Tiago 1:18), e os capacita a responder em fé e arrependimento a Cristo. Isso significa que a regeneração precede a fé; isto é, uma pessoa não nasce de novo pela fé, mas ela é capacitada a crer precisamente porque Deus a regenerou primeiro. Fé não é a pré-condição da regeneração; antes, a regeneração é a pré-condição da fé.

Uma razão pela qual muitos cristãos pensam que a regeneração ocorre pela fé é por que eles têm confundido regeneração com “salvação” em geral, e “justificação” em particular. Quando a palavra “salvação” é aplicada ao pecador, ela é um termo geral que pode implicar diversas coisas, tais como os itens que estamos discutindo nesse capítulo [*]. Por outro lado, na justificação Deus confere ao eleito a justiça legal merecida por Cristo em sua obra redentora. A Bíblia ensina que nós somos justificados pela fé, e não que nós somos regenerados pela fé. A confusão acontece quando alguém considera tanto a justificação como a regeneração como significando “salvação”.

Jesus diz: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo” (João 3:3). A palavra “ver” aqui se refere principalmente à capacidade de entender, ou “investigar”. Paulo escreve em 2 Coríntios 4:4: “O deus desta era cegou as mentes dos descrentes, para que não possam ver a luz do evangelho da glória de Cristo”. Se eles não podem ver o evangelho, então eles não podem aceitá-lo, o que conseqüentemente torna impossível que eles sejam salvos.

Mateus 13:15 estabelece um ponto similar: “Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com seus ouvidos, e fecharam seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e se converter, e eu os curaria”. Ou, como Marcos 4:12 diz: “De outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados!”. Uma pessoa entenderá somente quando for capaz de ver, e somente quando ela entender é que ela será capaz de se voltar, isto é, se “converter” (Mateus 13:15). Se é necessário “ver” antes que alguém tenha fé, e se a capacidade de “ver” é somente possível após a regeneração (João 3:3), então naturalmente a regeneração vem antes da fé.

Revisando, Deus escolheu um número de indivíduos para receber a salvação. Após isso, Cristo veio a esta terra e pagou o preço do pecado pelos eleitos. Então, cada um dos eleitos é intimado a crer no evangelho nos tempos específicos designados por Deus. Contudo, visto que os eleitos nascem como pecadores, há presente dentro deles uma forte disposição para o mal, tornando-os incapazes e indispostos para responder. Portanto, Deus regenera os pecadores eleitos assim como ele os intima, e coloca em cada um deles uma nova natureza que é disposta para com Deus e a justiça. Assim, a regeneração é uma obra MONERGÍSTICA – ela é uma obra de Deus que produz seus efeitos sem qualquer cooperação da pessoa que está sendo salva.

João 1:12-13 faz referência à natureza monergística da regeneração: “Mas a todos quantos o receberam, a eles ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus, àqueles que quem crêem em seu nome, que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (NASB). A passagem indica que a regeneração não ocorre por se pertencer a uma descendência natural particular, nem ocorre por “decisão humana” (v. 13, NIV). A visão popular da regeneração é que através de uma “decisão” por Cristo, o homem pode nascer de novo, e assim, ser salvo do pecado. Contudo, a Escritura ensina que a regeneração é uma obra totalmente de Deus, que ele efetua em seus escolhidos, e que não ocorre através da vontade do homem: “O vento sopra onde quer. Você o ouve, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito” (João 3:8).

É fácil entender porque a regeneração deve preceder a fé se guardarmos em mente que o homem está espiritualmente morto antes da regeneração (Efésios 2:1; Romanos 3:10-12, 23). Por causa da hostilidade da mente às coisas de Deus antes da regeneração, os eleitos por si mesmos nunca chegariam à fé em Cristo quando o evangelho lhes fosse apresentado. É Deus quem age primeiro, e tendo mudado a disposição deles de má para boa, e das trevas para a luz, eles então respondem ao evangelho pela fé em Cristo, e por ela eles se tornam justificados aos olhos de Deus. Atos 16:14 registra a conversão de Lídia, e o versículo diz que foi Deus quem primeiro “abriu seu coração” para que ela pudesse “responder à mensagem de Paulo”.
(Teologia Sistemática, páginas 188-189)


NOTAS:
[35] - Ela é “radical” no sentido de que ela afeta a própria raiz da personalidade de uma pessoal.

[*] - Nota do tradutor: Os assuntos tratados no capítulo são: eleição, chamado, regeneração, conversão, justificação, adoção, santificação, preservação.

Extraído de: www.monergismo.com

A VONTADE DE DEUS

por Arthur W. Pink


Ao tratar da Vontade de Deus alguns teólogos têm diferenciado entre Sua vontade decretiva e Sua vontade permissiva, insistindo que há certas coisas que Deus tem positivamente pré-ordenado, mas outras coisas que Ele meramente tolera existir ou acontecer. Mas tal distinção não é uma distinção de maneira alguma, na medida em que Deus somente permite o que está de acordo com Sua vontade. Nenhuma distinção teria sido inventada, tivesse esses teólogos discernido que Deus pode ter decretado a existência e atividades do pecado sem Ele mesmo ser o Autor do pecado. Pessoalmente, nós preferimos adotar a distinção feita pelos antigos Calvinistas entre a vontade secreta e revelada de Deus, ou, para expressar de uma outra forma, Sua vontade dispositiva e preceptiva.

A vontade revelado de Deus é feita conhecida em Sua Palavra, mas Sua vontade secreta são Seus próprios conselhos encobertos. A vontade revelada de Deus é o definidor de nosso dever e o padrão de nossa responsabilidade. A primária e básica razão pela qual eu devo seguir certo curso ou fazer certa coisa é por causa da vontade de Deus, a Sua vontade sendo claramente definida para mim em Sua Palavra. Que eu não deveria seguir um certo curso, que eu devo me abster de fazer certas coisas, é porque elas são contrárias à vontade revelada de Deus. Mas suponha que eu desobedeça a Palavra de Deus, então, eu não contrario Sua vontade? E se é assim, como pode ainda ser verdade que a vontade de Deus sempre é feita e Seu conselho consumado todas as vezes? Tais questões fazem evidente a necessidade de se defender uma distinção aqui. A vontade revelada de Deus é freqüentemente contrariada, mas Sua vontade secreta nunca é frustrada. Que é legítimo fazermos tal distinção concernente à vontade de Deus, é clara a partir das Escrituras. Tome esta duas passagens: "Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição" (1 Tessalonicenses 4:3); "Dir-me-ás então. Por que se queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua vontade?" (Romanos 9:19). Pode um leitor pensativo declara que a "vontade" de Deus tem precisamente o mesmo significado em ambas dessas passagens? Nós seguramente esperamos que não. A primeira passagem refere-se à vontade revelada de Deus, a última à Sua vontade secreta. A primeira passagem concerne a nosso dever, a última declara que o propósito secreto de Deus é imutável e deve acontecer não obstante a insubordinação das Suas criaturas. A vontade revelada de Deus nunca é perfeitamente ou completamente realizada por alguém de nós, mas Sua vontade secreta nunca falha na consumação até mesmo no mais minucioso detalhe. Sua vontade secreta concerne principalmente a eventos futuros; Sua vontade revelada, nosso dever presente: uma tem que ver com Seu irresistível propósito, o outro com Seu agrado manifestado: uma é elaborada sobre nós e realizada através de nós, a outra é para feita por nós.

A vontade secreta de Deus é Seu eterno, imutável propósito concernente a todas as coisas que Ele fez, para produzir certos meios para seus fins apontados: disto Deus declara explicitamente: "Meu conselho subsistirá, e farei toda Minha vontade" (Isaías 46:10). Esta é a absoluta, eficaz vontade de Deus, sempre efetuada, sempre realizada. A vontade revelada de Deus contêm não Seu propósito e decreto, mas nosso dever, - não o que Ele fará de acordo com Seu eterno conselho, mas o que nós deveríamos faze se quiséssemos agradá-LO, e isto é expresso nos preceitos e promessas de Sua Palavra. O que quer que Deus tenha determinado consigo mesmo, seja para Ele próprio fazer, ou para fazer pelos outros, ou tolerar que seja feito, enquanto isto está em Seu próprio seio, e não foi feito conhecido por algum evento na providência, ou por preceito, ou por profecia, é Sua vontade secreta. Tais são as coisas profundas de Deus, os pensamentos de Seu coração, os conselhos de Sua mente, que são impenetráveis para todas criaturas. Mas quando estas coisas são feitas conhecidas, elas tornam-se Sua vontade revelada: tal é quase todo o livro do Apocalipse, no qual Deus tem feito conhecido a nós "coisas que brevemente devem acontecer" (Apocalipse 1:1 - "deve" porque Ele eternamente propôs que deveriam acontecer).

Tem sido objetado pelos teólogos Arminianos que a divisão da vontade de Deus em secreta e revelada é insustentável, pois ela faz com que Deus tenha duas vontades diferentes, uma oposta a outra. Mas isto é um engano, devido a falha deles em ver que a vontade secreta e revelada de Deus dizem respeito a objetos inteiramente diferentes. Se Deus requeresse e proibisse a coisa, ou se Ele decretasse que a mesma coisa aconteceria ou não, então Sua vontade secreta e revelada seria contraditória e sem propósito. Se aqueles que objetam à vontade secreta e revelada de Deus como sendo inconsistentes, fizessem a mesma distinção neste caso que eles fazem em muitos outros casos, a aparente inconsistência imediatamente desapareceria. Quão freqüentemente os homens traçam uma astuta distinção entre o que é desejável em sua própria natureza, e o que não é desejável considerando todas as coisas. Por exemplo, o pai carinhoso não deseja simplesmente considerar punir seu filho ofensivo, mas, considerando todas as coisas, ele sabe que este é o seu dever obrigatório, e assim corrige seu filho. E embora ele conte ao seu filho que ele não deseja castigá-lo, mas que ele está certo que isto é o melhor ao fazer considerando todas as coisas, então um filho inteligente verá que não há inconsistência entre o que o pai diz e faz. Exatamente assim o Criador Todo-sábio pode consistentemente decretar acontecer coisas que Ele odeia, proibir e condenar. Deus escolhe que algumas coisas existem que Ele odeia completamente (na intrínseca natureza delas), e Ele também escolhe que algumas coisas, todavia não existam, as quais Ele ama perfeitamente (na intrínseca natureza delas). Por exemplo: Ele ordenou que Faraó deixasse Seu povo ir, porque isso era justo na natureza das coisas, todavia, Ele secretamente havia declarado que Faraó não deveria deixar o Seu povo ir, não porque era justo em Faraó recusar, mas porque era melhor considerando todas as coisas que ele não os deixasse ir - isto é, melhor porque favoreceu um propósito mais amplo de Deus.

Novamente; Deus nos manda sermos perfeitamente santos nesta vida (Mateus 5:48), porque isto é justo na natureza das coisas, mas Ele decretou que nenhum homem será perfeitamente santo nesta vida, porque é melhor, considerando todas as coisas, que ninguém seja perfeitamente santo (experimentalmente) antes de deixar este mundo. Santidade é uma coisa, o acontecimento da santidade é outra; assim, pecado é uma coisa, o acontecimento do pecado é outra. Quando Deus requer santidade, Sua vontade preceptiva ou revelada considera a natureza ou excelência moral da santidade; mas quando Ele decreta que a santidade não ocorra (completa e perfeitamente), Sua vontade secreta ou decretiva considera somente o evento de que ela não ocorre. Assim, novamente, quando Deus proíbe o pecado, Sua vontade preceptiva ou revelada considera somente a natureza ou o mal moral do pecado; mas quando Ele decreta que o pecado ocorrerá, Sua vontade secreta considera somente sua real ocorrência para servir o Seu bom propósito. Portanto, a vontade secreta e revelada de Deus considera objetos inteiramente diferentes.

A vontade do decreto de Deus não é a Sua vontade no mesmo sentido como Sua vontade de mandamento é. Portanto, não há dificuldade em supor que uma possa ser contrária à outra. Sua vontade, em ambos sentidos, é Sua inclinação. Tudo que concerne a Sua vontade revelada é perfeitamente de acordo com Sua natureza, como quando Ele ordena amor, obediência, e serviço de Suas criaturas. Mas o que concerne a Sua vontade secreta tem em vista Seu fim supremo, para o qual todas as coisas estão agora operando. Portanto, Ele decreta a entrada de pecado no Seu universo, embora Sua própria natureza santa odeie todo pecado com infinita repulsa, todavia, porque este é um dos meios pelos quais Ele apontou o fim para ser alcançado, Ele tolera a entrada dele. A vontade revelada de Deus é a medida de nossa responsabilidade e o determinante de nosso dever. Com a vontade secreta de Deus nós não temos nada para fazer: esta é de Sua incumbência. Mas Deus, sabendo que falharemos em fazer perfeitamente Sua vontade revelada, ordenou Seus eternos conselhos conseqüentemente, e estes eternos conselhos, que aconteça Sua vontade secreta, embora desconhecida para nós, embora inconscientemente, cumprida em e através de nós.

Se o leitor está preparado ou não para aceitar a distinção acima na vontade de Deus, ele deve reconhecer que os mandamentos das Escrituras declaram a vontade revelada de Deus, e ele deve também aceitar que algumas vezes Deus não quer impedir a quebra daqueles mandamentos, porque Ele na realidade não o impede. Que Deus quer permitir o pecado é evidente, porque Ele o permite. Certamente ninguém dirá que o próprio Deus faz o que Ele não quer fazer.

Finalmente, deixe-me dizer novamente que, minha responsabilidade em relação à vontade de Deus é medida pelo que Ele fez conhecido na Sua Palavra. Ali eu aprendo que é meu dever usar os meios de Sua providência, e humildemente orar para que Ele possa Se agradar em abençoá-los para mim. Recusar assim fazer sobre o fundamente de que eu sou ignorante do que possa ou não possa ser Seus conselhos secretos concernentes a mim, não somente é um absurdo, mas também o ápice da presunção. Nós repetimos: a vontade secreta de Deus não nos diz respeito; é Sua vontade revelada que mede nossa responsabilidade. Que não há conflito entre a vontade secreta e revelada de Deus é claro a partir do fato que, a primeira é realizada pelo meu uso dos meios registrados na última.

NOTA DO TRADUTOR: O presente artigo é um dos apêndices (o quarto) do excelente livro “A Soberania de Deus”, de Arthur Pink. Este livro foi traduzido para o português e publicado pela Editora Fiel, com o título “Deus é Soberano”. Contudo, não consta na versão brasileira o capítulo sobre “A Soberania de Deus na Reprovação” e nenhum dos quatro apêndices, os quais podem ambos ser lidos aqui no site Monergismo.com.

Extraído de: www.monergismo.com

A EXTENSÃO DA SOBERANIA DE DEUS

por Gordon Lyons

O governo ou domínio soberano de Deus é universal, absoluto e imutável (ou inalterável). Nós podemos sumarizar estes aspectos mais plenamente da seguinte forma:

1. Soberania Universal

A soberania de Deus é universal. Ela se estende sobre toda a sua criação; animada e inanimada — e da mais alta forma de criatura vivente até a mais baixa. No reino das criaturas vivas, Deus exerce poder sobre anjos, humanidade e animais inferiores. Nenhum pardal cair sem a vontade de nosso Pai que está no céu.

Para este fim, o Senhor Jesus disse:

Mateus 10:29-31

Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais. (Veja vv.16-33; cf. v.30 com Lucas 21:18)

Novamente, está escrito:

Salmo 103:19

O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.

Daniel 4:17

Esta sentença é por decreto dos vigiadores, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens; e os dá a quem quer e até ao mais baixo dos homens constitui sobre eles.

2. Soberania Absoluta

A soberania de Deus é absoluta. Sua autoridade é perfeita em sua administração; ela é exercida a partir da sabedoria infinita de Deus, e é suprema na extensão de seu poder, glória e domínio. Nenhum limite pode, e nem será, posto no lugar da autoridade, poder ou controle soberano de Deus. No avanço de Seus propósitos e planos eternos, o SENHOR age como Lhe agrada com os habitantes dos céus e entre os moradores da terra. Nada em toda a criação é capaz de resistir à vontade de Deus, ou frustrar os Seus propósitos — seja por meio de homens, super-homens, anjos, espíritos caídos ou maus, ou qualquer outra coisa.

Para este fim, a Escritura diz:

Isaías 14:24

Jurou o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim se efetuará.

Daniel 4:34-35

Mas, ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão e lhe diga: Que fazes?. (Veja vv.19-37)

3. Soberania Imutável

A soberania de Deus é imutável, Ela permanece inalteravelmente a mesma durante todo o tempo, e sob todas as circunstâncias. O governo e domínio soberano de Deus não podem ser ignorados; ele não pode ser rejeitado, e não pode ser frustrado ou impedido pela humanidade ou por qualquer outra coisa na criação. O poder e domínio soberano de Deus amarram todas as criaturas tão completamente quanto as leis físicas amarram o universo material. O que Deus decretou ou pré-ordenou deve inevitavelmente acontecer. [2]

Assim, a Escritura declara:

Salmos 33:10-11

O SENHOR frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações.

Isaías 14:26-27

Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?

Atos 4:28

Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer.

NOTAS:
[1] - Extraído de C. Hodge, Systematic Theology, Vol. 1 [Grand Rapids: Eerdmans, 1871, 1977 reprint], p. 440.

domingo, 4 de julho de 2010

TODOS OS HOMENS VIVEM PARA CONHECER A DEUS

Nem sequer entre os bárbaros e completamente selvagens é possível encontrar um homem que careça de certo sentido religioso; e isso é devido a que todos nós temos sido criados para este fim: conhecer a Majestade de nosso Criador e, uma vez conhecida, tê-lo em grande estima por acima de tudo, e honrá-lo com todo temor, amor e reverência.

Deixando de lado os infiéis, que só tratam de apagar de sua memória este sentido de Deus, implantando em seus corações, nós, os que fazemos confissão de piedade, devemos ter presente que esta vida caduca e que pronto acabará, não deveria ser outra coisa senão uma meditação da imortalidade. Agora bem, em nenhuma parte podemos achar a vida eterna e imortal, se não for em Deus. Portanto, o principal cuidado e preocupação de nossa vida deve consistir em buscar a Deus e aspirar a Ele com todo o afeto de nosso coração e encontrar o único repouso somente nEle.


João Calvino
Breve Instrução Cristã